Folha de S. Paulo


Região de Ribeirão 'testa' campanhas que pregam o voto 'distrital'

As eleições deste ano serão uma prova para se testar a eficiência das campanhas pelo voto "distrital" desencadeadas por associações comerciais e entidades da região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo).

A expectativa de instituições de Ribeirão, Franca e Barretos é pelo menos dobrar o número de deputados eleitos em 2010 que tenham base eleitoral nessas cidades.

Juntas, Ribeirão e Franca têm cinco deputados estaduais e dois federais. Barretos não teve eleitos em 2010.

Presidentes de associações e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) defendem o voto "caseiro" para facilitar o diálogo com o poder público.

O sistema eleitoral em vigor permite que o eleitor vote em qualquer candidato do Estado, o que dificulta o cumprimento do objetivo.

Em Barretos, a associação comercial aderiu para tentar eleger ao menos um deputado, segundo Roberto Arutim, presidente da entidade.

Em Franca, debates, nem tão intensos como agora, já eram feitos há mais de uma década, quando a cidade se aproximava de 20 anos sem eleger um deputado federal.

Atualmente, tem dois estaduais e um federal. Neste ano, quer ao menos dois federais e três estaduais. "Precisamos de representatividade", disse José Alexandre Carmo Jorge, que preside a Acif (Associação do Comércio e Indústria de Franca).

Além de reuniões e debates com os candidatos, na última semana a Acif distribuiu 5.000 revistas com propostas dos 16 candidatos da cidade.

Guilherme Feitosa, diretor do Ciesp na região, disse que deputados são interlocutores com o governo, especialmente da indústria e do agronegócio.

"Não queremos que votos da cidade elejam candidato que nunca pisou aqui."

Feitosa disse que em Ribeirão a campanha não tem meta, mas que há condições de dobrar o total de eleitos –três estaduais e um federal hoje.

Partidos políticos também defendem o voto regional, mas dizem que nem sempre os candidatos restringem a campanha à sua base.

Presidente do PMDB de São Paulo, o deputado estadual Baleia Rossi disse que o partido apostou em políticos com potencial, enquanto o federal e presidente do PSDB paulista, Duarte Nogueira, disse que a iniciativa é válida, mas que o candidato tem de "correr o Estado todo".

Márcio França, que preside o PSB, disse que a sigla tenta sempre lançar mais de um candidato por região, para manter a representatividade.

"Sempre queremos aumentar a bancada, mas nada impede pedir votos em outras cidades", disse Jorge Parada, presidente do PT de Ribeirão.

VOTO PROPORCIONAL

O "verdadeiro" voto distrital não é aplicado atualmente no sistema eleitoral brasileiro. O que vale nas eleições é o chamado voto proporcional.

No voto distrital, o eleitor vota em deputados pelo sistema majoritário.

Ou seja, cada partido apresenta um candidato por área, definida pela Justiça Eleitoral, e o mais votado é o eleito.

Já no sistema proporcional, como vigora atualmente, as vagas nas Assembleias Legislativas e Câmara dos Deputados são distribuídas proporcionalmente aos votos obtidos pelos partidos ou coligações partidárias.

Assim, são preenchidas pelos candidatos mais votados da lista do partido ou coligação, independentemente da sua região.

Com isso, um candidato que obtém alta quantidade de votos "puxa" outros que tiveram menos e que fazem parte da lista de candidatos da sua coligação.


Endereço da página: