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'Motor' de São Carlos, estação ferroviária completa 130 anos

Edson Silva/Folhapress
Maria-fumaça exposta na estação ferroviária de São Carlos, que completa 130 anos em outubro
Maria-fumaça exposta na estação ferroviária de São Carlos, que completa 130 anos em outubro

Uma das responsáveis pelo desenvolvimento econômico de São Carlos (a 232 km de São Paulo), a estação ferroviária da cidade, que abriga órgãos culturais e um museu, completa 130 anos no próximo dia 15, em meio a um processo de tombamento.

Erguida para escoar o café da região –a exemplo da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, em Ribeirão Preto–, a estação são-carlense permitiu a ligação da cidade com Rio Claro, que já tinha outras linhas, de acordo com o pesquisador da Fundação Pró-Memória, Júlio Osio.

O local está em processo de tombamento pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), segundo a prefeitura, devido à importância histórica para o município.

Apesar de a agricultura ter sido o motivo da construção (os agricultores investiram na linha e na estação), Osio afirmou que ao longo dos anos a estrada permitiu o desenvolvimento econômico de São Carlos em outras áreas.

"A cidade passou a ter um comércio mais forte, uma indústria meio incipiente. Foi pela linha de ferro que chegaram imigrantes italianos e gente de todas as partes."

Para afirmar a importância da estação ferroviária, Osio comparou São Carlos com cidades que no fim do século 19 tinham o mesmo tamanho.

"Descalvado era uma cidade do mesmo porte, por exemplo." Hoje tem 32.700 habitantes, enquanto São Carlos cresceu para 238.900. "A linha de ferro foi um marco para esse crescimento."

Aos 129 anos, o prédio da antiga estação ganhou outro contexto para a cidade.

Se até as últimas décadas do século passado o local ainda abrigava passageiros e trabalhadores, hoje os trens só param para manutenção de vagões e locomotivas ou para troca de maquinistas.

Uma antiga Maria-fumaça ainda é preservada pelo município e exposta ao público.

Na linha há vagões mais novos encostados pela concessionária de ferrovias, a ALL (América Latina Logística), que administra a linha.

Segundo a empresa, vagões obsoletos vêm sendo recolhidos para reforma, recuperação ou baixas. A ALL não deu prazo para a retirada dos equipamentos em São Carlos.

Na estação, funcionam a coordenadoria de artes, um museu e a fundação, responsável pelo arquivo histórico e público da cidade.

Há ainda uma área de lazer construída pelo município e um jardim na parte interna. A estrutura já teve quatro proprietários até ser estatizada nos anos 70.


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