Folha de S. Paulo


Unidades de saúde de Ribeirão Preto ficam sem remédios

Unidades municipais de saúde de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) voltaram a registrar falta de medicamentos. O deficit chega a nove tipos de remédio por posto de atendimento.

Esse, porém, não é o único problema. Quando há o remédio, os pacientes chegam a esperar até uma hora e meia na fila para retirá-los.

A Folha percorreu os postos nesta sexta-feira (12) e constatou o problema nas UBDs (unidades básicas distritais de saúde) do Sumarezinho, do Quintino Facci 2, da Vila Virgínia e Central.

Em nota, a prefeitura confirmou a falta de apenas um medicamento, o miconazol, e afirmou que os outros estão em período de reposição.

Na UBDS da Vila Virgínia, há uma lista na entrada da farmácia que aponta a falta de ao menos nove remédios, como antialérgicos e medicamentos para candidíase.

Na UBDS do Sumarezinho, há uma lista com quatro drogas em falta.

Já nas unidades Central e Quintino, não há lista exposta dos remédios em falta. Os funcionários das farmácias, porém, apontaram a ausência de hidróxido de alumínio, miconazol e metronidazol.

O presidente do Conselho Municipal da Saúde, José Ricardo Guimarães Filho, afirmou que começou a receber reclamações sobre a falta de remédios no início do mês.

Edson Silva/Folhapress
Usuários da rede de saúde esperam na fila para obter remédios na UBDS da Vila Virgínia
Usuários da rede de saúde esperam na fila para obter remédios na UBDS da Vila Virgínia

Segundo Guimarães Filho, o problema ocorre porque há atrasos nos pagamentos da prefeitura a fornecedores e também às empresas que prestam serviços na área de saúde para a administração.

O governo Dárcy Vera (PSD) está em crise. Os débitos com fornecedores já alcançaram R$ 60 milhões neste ano, e a prefeita anunciou na quinta-feira (11) medidas para tentar estancar o crescimento da dívida.

A prefeitura nega que haja atraso aos fornecedores, porém, admitiu na última segunda (8) que atrasou pagamentos do Instituto Corpore, responsável por contratar médicos que atuam em unidades da cidade.

SEM CURA

A costureira Josefa Maria Bezerra, 54, foi buscar anti-inflamatório na UBDS do Quintino para a filha que está com inflamação na garganta e saiu de lá sem o remédio.

Já a aposentada Luzia Lobão dos Santos, 81, ficou na fila da farmácia da UBDS Sumarezinho mais de uma hora e meia para ser atendida.

Não há lá, nem na Vila Virgínia, filas preferenciais.

O delegado do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) Osvaldo Massaiti afirmou que a falta de remédios pode atrapalhar o tratamento dos pacientes, mas, em alguns casos, na ausência de um medicamento, um similar ou genérico pode ser indicado.

Em nota, a prefeitura informou que, exceto o miconazol, os demais medicamentos não estão em falta na Secretaria da Saúde e que devem ser distribuídos às unidades.

No entanto, segundo a prefeitura, o paciente pode ter procurado pelos remédios faltantes em um período de reposição e, por isso, deve voltar a unidade para obter o medicamento indicado pelo médico responsável.


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