Folha de S. Paulo


Estadia da França empolga torcida, mas comércio e hotéis veem queda

A previsão era de que a cidade recebesse 25 mil turistas, que movimentariam R$ 200 milhões na economia de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) durante a Copa do Mundo. Com o fim do evento, o que se vê são diversos setores contabilizando os prejuízos do último mês.

Em janeiro, quando a seleção francesa anunciou que ficaria na cidade durante o Mundial, a prefeita Dárcy Vera (PSD) celebrou e disse que a hospedagem da seleção iria gerar renda e fomentar não só a economia local, mas beneficiar a região toda.

Após 26 dias de estadia dos franceses, no entanto, comerciantes, taxistas e hotéis afirmam ter tido em junho o pior mês de 2014 e que, além de não terem sido beneficiados, foram prejudicados.

Edson Silva/Folhapress
O zagueiro francês Sakho faz foto com torcedores na esplanada do Theatro Pedro 2º
O zagueiro francês Sakho faz foto com torcedores na esplanada do Theatro Pedro 2º

Carlos Frederico Marques, presidente do Sindicato dos Restaurantes, Hotéis e Bares, disse que apenas 200 turistas franceses se hospedaram nos hotéis do município durante a estadia da seleção, que disputou cinco jogos na Copa –foi eliminada pela Alemanha nas quartas de final.

O setor ainda teve queda de hospedagens, devido à baixa procura do turismo de negócios. A taxa de ocupação foi de 40% na Copa, ante a média de junho de 60%.

Taxistas também afirmam ter tido prejuízo durante o evento. Ricardo Mello, presidente da cooperativa Coopertáxi, estima ter tido queda de 40% a 50% no faturamento.

"Não fizemos corrida para nenhum turista. Só rezamos para essa Copa acabar logo."

Edson Silva/Folhapress
Jogadores da seleção francesa durante treinamento no estádio Santa Cruz, em Ribeirão
Jogadores da seleção francesa durante treinamento no estádio Santa Cruz, em Ribeirão

Paulo César Garcia Lopes, presidente do Sincovarp (Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto), disse estimar queda nas vendas em junho em relação ao mês anterior.

Segundo ele, muitos dias de vendas foram perdidos por causa dos jogos do Brasil –situação que atingiu não só o município.

A conjuntura econômica, com a alta da inflação, também fez com que o consumidor gastasse menos.

Além da quebra de expectativa para os negócios, problemas como os de infraestrutura urbana, que a população esperava que fossem resolvidos para "recepcionar" os franceses, não foram solucionados para a Copa.

Uma semana antes da chegada da França, moradores iniciaram um protesto intitulado "pinte seu buraco de rosa", contra o enorme número de buracos nas ruas e problemas estruturais críticos.

Foi uma resposta a uma campanha de Dárcy para que moradores decorassem as ruas para a Copa.

Se a economia não foi beneficiada, por outro lado muitos fãs tiveram a oportunidade de ver de perto ídolos do futebol. Com uma reação fria aos torcedores ao chegar à cidade, os jogadores franceses foram aos poucos se entregando ao calor e ao assédio.

Ao fim de treinos e coletivas, o time parava para atender pedidos de autógrafos e fotos de torcedores, que puderam vivenciar de forma mais intensa o Mundial.

JUSTIÇA

As coletivas de imprensa ocorreram no Theatro Pedro 2º, alvo de investigação da Promotoria após a prefeitura quebrar uma parede para ligar o local, tombado como patrimônio histórico, ao Centro Cultural Palace.

O Palace, usado como centro de imprensa, também se tornou objeto de investigação devido ao uso comercial por uma lanchonete na Copa.

Via assessoria, a prefeitura informou que não comentaria sobre o número de turistas e o desempenho econômico da cidade.


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