Folha de S. Paulo


Com greve, servidor deixa de notificar suspeita de dengue em Ribeirão Preto (SP)

A paralisação de servidores da saúde em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) fez com que casos suspeitos de dengue deixassem de ser notificados à Vigilância Epidemiológica da cidade.

A situação foi encontrada pela Folha nesta quinta-feira (13) nas UBDSs (Unidades Básicas Distritais de Saúde) Central e da Vila Virgínia, mas não é o único problema surgido a partir da greve, que chegou a 11 dias.

Com a paralisação, segundo funcionários ouvidos nesta quinta-feira nas próprias unidades de saúde, os pacientes não estão passando pela sorologia –exame para detectar a doença –, embora os sintomas estejam sendo tratados nos postos de saúde.

A falta de notificação pode comprometer, por exemplo, políticas públicas de combate à proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, já que a Vigilância atua conforme as informações recebidas dos postos.

No ano passado, Ribeirão teve 13.179 casos confirmados da doença. "Hoje, as informações da Vigilância estão comprometidas", afirmou uma técnica em enfermagem, que não quis ser identificada.

À Folha a assessoria de imprensa da Secretaria da Saúde informou não existir a falta de notificação e que a seca influencia na redução da incidência da doença.

Edson Silva/Folhapress
Servidores em greve durante protesto em Ribeirão Preto, na quinta-feira (13)
Em greve, servidores da saúde municipal fazem passeata no centro de Ribeirão Preto

Além deste problema, as unidades de saúde estão também redirecionando pacientes e fazendo até com que a própria UPA (Unidade de Pronto Atendimento) adote a mesma medida.

Desde o início da greve, a UPA passou a receber pacientes das UBDSs Cuiabá, Quintino Facci 2 e Vila Virgínia.

Em dias de maior movimento, envia pacientes para a UBDS Central, que tem triagem e equipe médica formadas por profissionais terceirizados. "O pior da greve é que eu tinha consulta de ginecologia, marcada há três meses, e ela foi cancelada", afirmou a dona de casa Maria Inês Santos, 36.

Com a paralisação, apenas urgência e emergência são atendidas pelos médicos, de acordo com o Sindicato dos Servidores, e todas as consultas estão sendo remarcadas. Nesta quinta-feira, houve ato nas ruas.

Outro problema enfrentando pelos pacientes são as longas filas de espera nas farmácias, causadas pela lentidão nos atendimentos e divisão dos funcionários em turnos.

A espera dura, em média, três horas. Nesta quinta-feira à tarde, na Vila Virgínia, havia 40 pessoas na fila, como a dona de casa Juliana Simari, 36, que foi buscar medicamentos para a filha, que tinha febre.

"Quando cheguei, o turno da manhã estava sendo encerrado e mandaram voltar à tarde", disse a dona de casa.


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