Folha de S. Paulo


Maurilio Biagi diz que ainda não se decidiu sobre ser vice de Padilha

Convidado pelo PT para ser o candidato a vice-governador de São Paulo, o empresário Maurilio Biagi Filho, de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), afirmou na noite desta quinta-feira (24) que ainda não decidiu se vai mesmo entrar na disputa, apesar de ter se filiado ao PR.

"Essa decisão eu não tomei ainda. É isso que queria deixar claro aqui hoje na Câmara de Ribeirão Preto", afirmou Biagi, em discurso na cerimônia que marcou sua filiação ao partido. Ele deve compor a chapa encabeçada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Segundo o empresário, pesam em sua escolha o fato de sua família ter se mostrado contrária ao seu ingresso na política. Biagi também disse ter dúvidas se poderia "contribuir" mais como empresário ou político.

Em seu discurso, Biagi contou que numa reunião do Conselho Latinoameticano de Empresários ouviu um presidente de um dos países membros --também empresário-- afirmar que a política não poderia ser deixada apenas aos políticos. "Eu discordo completamente dele", disse Biagi.

Apesar da indecisão declarada, Biagi foi tratado como a grande estrela da noite, e mereceu mais honras e homenagens que o presidente municipal do PR, o vereador Walter Gomes. Gomes foi empossado também na cerimônia desta quinta à noite. Ele é cotado para disputar uma vaga de deputado federal em 2014.

O empresário ocupou a cadeira da presidência da mesa diretora da Câmara durante a cerimônia e foi o último a discursar --inclusive, depois do senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP), principal liderança do PR no evento, e um dos principais articuladores do partido no Estado.

NADA CERTO

Apesar do empenho da cúpula petista, a aliança com o PR não é dada como certa nem por líderes petistas e nem por republicanos. O deputado estadual André do Prado (PR), 4º vice-presidente nacional do partido, afirma que o PR tem sido cortejado também pelo PSDB e pelo PMDB para compor a chapa estadual.

"Como a maioria dos partidos já estão comprometidos [com alianças], o PR está se tornando a cereja do bolo", disse. "Vamos tomar o rumo que for melhor para o PR em São Paulo", afirmou o deputado.

O senador Rodrigues, no entanto, disse acreditar que uma eventual decisão positiva de Biagi em aceitar ser indicado pelo partido para ocupar a vice de Padilha pode levar a balança a pender para o lado petista. "Acho que sim", afirmou Rodrigues, ao ser perguntado se o partido fecharia com o PT caso Biagi aceitasse ser candidato.

CONVITE

"É uma indecisão sujeita a argumentos", afirmou o presidente do PT em São Paulo, o deputado estadual Edinho Silva, presente ao evento. Foi Silva quem fez o primeiro convite a Biagi, segundo foi narrado pelo empresário na cerimônia.

Biagi contou que recebeu uma ligação do deputado numa sexta-feira. No dia seguinte, sábado, Padilha o visitou em sua casa em Ribeirão Preto, e, na segunda-feira posterior ao encontro, ele foi a São Paulo conversar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Me sinto muito honrado pela forma como recebi o convite", disse.

O empresário afirmou ainda que não considera, no momento, a opção de concorrer a um cargo no Legislativo, ou se seria candidato numa eventual chapa do PR com outro partido.


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