Folha de S. Paulo


Servidores de Ribeirão impedem adiamento de redução de carga horária

A prefeita de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), Dárcy Vera (PSD), teve uma derrota na noite desta quinta-feira (26) na Câmara na batalha que trava com os funcionários da saúde para adiar a redução da jornada de trabalho para 30 horas.

Dárcy quer que a medida passasse a valer só a partir de maio de 2014 e não de fevereiro, como prevê a legislação. Por isso, ela quer aval do Legislativo para o adiamento.

Protesto de agentes e técnicos em enfermagem, auxiliares farmacêuticos, agentes odontológicos e técnicos de higiene dental na Câmara nesta quinta-feira (26) impediu a votação.

Com narizes de palhaço, apitos e faixas de protesto contra a prefeita, os profissionais da saúde reivindicaram que a lei atual fosse mantida. Diante disso, o presidente do Legislativo, o vereador Cícero Gomes da Silva (PMDB), adiou a votação do projeto.

A lei atual diz que a partir do dia 1º de outubro, as categorias tenham redução da carga horária de 36 para 32 horas semanais e de 30 horas em 1º de fevereiro. Com o novo projeto da prefeita, a proposta passaria a ser discutida somente a partir de 15 de maio.

Venceslau Borlina Filho/Folhapress
Profissionais de saúde da Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) protestam na Câmara contra adiamento da nova carga horária
Profissionais de saúde da Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) protestam na Câmara contra adiamento da nova carga horária

A prefeita argumentou a necessidade do adiamento por causa da crise financeira vivida pela prefeitura. Isso porque, com nova carga horária, seria necessária a contratação de mais 280 profissionais, o que representaria um custo de R$ 1,1 milhão por mês, segundo a prefeitura.

A nova proposta acontece em meio a uma crise do governo com o funcionalismo público após a divulgação, na semana passada, de um pacote de medidas que atingem, principalmente, os servidores municipais. A justificativa é a redução de gastos com pessoal.

Após diversos protestos, a prefeita recuou da decisão de limitar a compra de dez dias de férias do servidor. Além disso, o Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto) demitiu sete servidores em comissão após pressão dos funcionários concursados.

BENEFÍCIO

A redução na carga horária beneficia cerca de 900 funcionários da saúde (23,7% do total de 3.800). "A carga horária de 30 horas semanais é lei e tem que ser cumprida", disse a auxiliar de farmacêutico Kátia Ribeiro, 55.

"Ela [Dárcy Vera] prometeu que cumpriria a lei. Queremos as 30 horas já", disse o auxiliar de enfermagem Tarces Barbosa Pereira, 32.

O secretário do Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo), Donato José Medeiros, disse que a redução da carga horária para 30 horas semanais é uma necessidade da categoria em função dos baixos salários e da dupla jornada em hospitais ou em casa.

"Essa justificativa de crise financeira na prefeitura não convence. Se há uma lei para reduzir a carga horária, então que ela seja cumprida", disse. Segundo ele, 85 municípios do Estado já contam com jornada de 30 horas semanais para os profissionais da saúde.

De acordo com o presidente da Câmara, o projeto só deverá voltar a pauta após um acordo entre a prefeitura e a direção do sindicato dos servidores públicos municipais de Ribeirão Preto. Ninguém foi encontrado na prefeitura na noite desta quinta para comentar o assunto.


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