Folha de S. Paulo


Justiça decreta bloqueio de bens de ex-integrantes do governo Barbieri

A Justiça decretou o bloqueio dos bens do ex-vereador e ex-secretário municipal de Araraquara (273 km de São Paulo) Ronaldo Napeloso (DEM) e de ao menos outros seis investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público por suspeita de participação em um esquema de corrupção no governo Marcelo Barbieri.

Além do ex-vereador, estão com os bens indisponíveis o ex-secretário da Ciência, Tecnologia, Turismo e Desenvolvimento Sustentável José Roberto Cardoso e o ex-titular da Agricultura Célio Teixeira Dória.

Ambos haviam pedido afastamento dos cargos no dia em que foi deflagrada a operação da PF, em 6 de agosto. Napeloso foi secretário da Agricultura no primeiro governo Barbieri (2009-12).

Kris Tavares/Tribuna Imprensa/Folhapress
O ex-vereador Ronaldo Napeloso (DEM), que é investigado pela Polícia Federal por suspeita de crimes eleitoral e administrativo
O ex-vereador Ronaldo Napeloso (DEM), que é investigado pela Polícia Federal por suspeita de crimes eleitoral e administrativo

A Justiça também decretou a indisponibilidade dos bens de outros quatro investigados no caso, que chegaram a ficar detidos em prisão temporária, assim como Napeloso.

São eles a assessora do ex-vereador Maria Helena Scuoppo e os ex-coordenadores da Secretaria da Agricultura Hélio Aparecido Azevedo e Cristiano Rumaqueli, e o ex-coordenador de projetos Ademir Palhares.

A informação foi revelada durante reunião na Câmara de Araraquara, entre os vereadores, o juiz e os promotores que acompanham o caso, nesta terça-feira (3).

Em nota, o Ministério Público informou que foram reveladas aos vereadores apenas informações que não estão sob segredo de Justiça.

No encontro foi afirmado que Cardoso e o ex-titular da Agricultura Dória também são alvo das investigações.

Segundo a Polícia Federal, há a suspeita de fraude, na pasta da Agricultura, a um programa do governo federal para a compra de alimentos.

Já na Secretaria do Desenvolvimento, a PF investiga a suposta concessão de alvarás e terrenos públicos a empresas por meio do pagamento de propina a servidores.

O advogado de Napeloso, Edson Luiz Silvestrin Filho, afirmou que ainda não tomou conhecimento desta decisão judicial, e que portanto não poderia comentá-la.

Ele e os outros investigados negam que tenham cometido irregularidades.

CEI NA CÂMARA

A bancada do PT tenta, desde que o caso veio à público, instalar uma CEI (Comissão Especial de Investigação) na Câmara.

Até esta quarta-feira (4), apenas os três vereadores petistas haviam assinado o requerimento, que precisa do apoio de ao menos seis parlamentares para criar a comissão.

Barbieri, que afirmou que não tinha conhecimento das supostas irregularidades cometidas em seu governo, tem maioria na Câmara: 11 dos 18 vereadores são situacionistas.

O presidente da Câmara, João Farias (PRB), não descartou a instalação da comissão, mas diz acreditar ser importante esperar por novos desdobramentos das investigações.

"Quem não tem nada a esconder, não tem que se preocupar. O que tem que se discutir é o momento ideal [de criar a comissão]", afirma.


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