Folha de S. Paulo


Mesmo em ano de baixa produção, cafeicultores preveem supersafra

Apesar de a safra do café prevista para este ano ser de baixa produção, algumas regiões cafeicultoras vão registrar um volume superior na comparação com 2012 -- num caso, a alta estimada é de 25%.

Por isso, cooperativas têm classificado a produção do fruto neste ano de supersafra, em relação a outros anos de baixa.

O café tem periodicidade bianual. Isso significa que, após um ano com uma boa safra, a produção tem uma baixa no seguinte. Como em 2012, a produção do fruto foi elevada, neste ano deveria ser registrada uma queda.

Apesar do crescimento da produção, a indústria do café não prevê queda do preço ao consumidor.

Edson Silva/Folhapress
Lavoura de café em Altinópolis, na região de Ribeirão Preto; cooperativas veem supersafra em ano previsto para baixa produção
Lavoura de café em Altinópolis, na região de Ribeirão Preto; cooperativas veem supersafra em ano previsto para baixa produção

Na Zona da Mata mineira, a primeira estimativa deste ano da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) identificou aumento de 25,5% em relação ao ano anterior, em um ano com inversão de bienalidade.

Em outras regiões produtoras, não há aumento previsto para a safra, mas o volume estimado de café terá uma queda menor se comparado com outros anos de baixa produção.

É o caso da região coberta pela Cooparaiso, cooperativa que abrange 72 cidades de SP, MG e ES. A expectativa é que a produção atinja 2,76 milhões de sacas de café neste ano -- 15,4% menor que a de 2012, de 3,26 milhões. "O normal é de 30% de queda no ano de baixa", disse o superintendente de captação Paulo Sérgio Elias.

O dirigente pondera, no entanto, que o ano passado foi prejudicado por fatores climáticos, o que ajuda a aproximar os números.

Edson Silva/Folhapress
Café cereja, em plantação de Altinopólis, no interior de SP
Café cereja, em plantação de Altinopólis, no interior de SP

Já a Cocapec, de Franca, vê uma supersafra neste ano devido ao plantio de mais pés em 2011. "Há dois anos, por conta do preço [favorável] do café, houve mais plantio e haverá reflexo este ano", explica o gestor de torrefação, Victor Alexandre Ferreira.

A estimativa da Conab indica ainda que o país deve colher entre 46,9 milhões e 50,1 milhões de sacas de 60 quilos. O montante representa redução de 7,6% a 1,3% em relação à produção do ano anterior.

O órgão diz que a diferença entre os anos de alta produção e os de baixa tem diminuído.

CONTRAPONTO

A Cooxupé, cooperativa formada por cerca de 12 mil cooperados do Vale do Rio Pardo, em São Paulo, e das regiões Sul, Triângulo e Alto Paranaíba, em Minas Gerais, diz ter um cenário diferente.

De acordo com o superintendente de desenvolvimento do cooperado, José Eduardo dos Santos Junior, é esperada uma quebra de 25% da safra em relação ao ano anterior, quando a produção atingiu 6,78 milhões de sacas.

Santos afirmou que a tendência de baixa de produção neste ano não se alterou.

Segundo ele, o excedente da safra passada é comercializado aos poucos e ele acredita que, quando os grãos atuais estiverem prontos para consumo, o café de 2012 já tenha sido todo vendido.


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