Folha de S. Paulo


Após lipoaspiração, manicure tem morte cerebral no interior de SP

Uma manicure de 24 anos teve morte cerebral confirmada sete dias depois de passar por uma lipoaspiração em Descalvado, no interior paulista.

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Nayara Cristina Patracão está internada na Casa de Saúde de São Carlos (232 km de São Paulo) desde o dia 7, quando foi transferida da sua cidade após sofrer parada cardíaca durante o procedimento cirúrgico.

De acordo com familiares da jovem, ela gozava de boa saúde e não apresentava histórico de doenças.

Até a noite desta terça-feira, a paciente seguia ligada a equipamentos que mantinham sua respiração e batimentos cardíacos. A morte cerebral foi confirmada no dia anterior.

Arquivo Pessoal
Nayara Patracão, que teve morte cerebral após lipoaspiração
Nayara Patracão, que teve morte cerebral após lipoaspiração

A manicure é casada e tem dois filhos, uma menina de quatro anos e um menino de oito meses. Após a segunda gestação, ela ficou descontente com a aparência, segundo uma tia que pediu para não ser identificada, e por isso resolveu fazer a cirurgia.

"Os pais e o marido estão em estado de choque", afirmou a tia de Nayara.

Responsável pelo procedimento, o cirurgião plástico Vicente de Paula Ciarrochi Junior, 51, disse que, além da lipoaspiração, foi feita também uma abdominoplastia --para retirar gordura em excesso na região do abdome.

Ele informou que não sabe o que aconteceu no centro cirúrgico. Depois da parada cardíaca, a jovem sofreu também um edema cerebral leve.

Editoria de Arte/Folhapress

"Não sabemos o que houve. Foi uma fatalidade", afirmou.

O médico refutou a possibilidade de erro médico ou de falta de estrutura na Santa Casa de Descalvado para a realização das cirurgias.

A tia de Nayara afirmou ainda que a família espera uma definição do quadro de saúde para tomar providências com o objetivo de exigir investigação do caso.

A assessoria do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) informou que irá apurar o caso e que nunca houve punição envolvendo o nome do médico de Descalvado.

Conselheiro do órgão em Ribeirão Preto, Isac Jorge Filho disse, sem mencionar o caso específico, que é importante pesquisar a vida profissional dos médicos.

Apontou também que é de extrema necessidade avaliar as condições de infraestrutura da unidade de saúde onde o procedimento cirúrgico será realizado.

"Em linha gerais, as pessoas, infelizmente, não têm se preocupado em tomar os cuidados necessários na hora de fazer uma cirurgia plástica", afirmou o conselheiro.

"Não me refiro a este caso, mas em muitas outras oportunidades os pacientes não procuram saber da vida profissional do cirurgião. E isso é grave. Todos precisam ficar atentos", disse Jorge Filho.


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