Folha de S. Paulo


Vagões ferroviários sem uso viram problema na região de Ribeirão Preto

Um em cada seis vagões de trem abandonados no país está em municípios da região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).

São 2.176 carros ferroviários obsoletos, o equivalente a 17% de todo material sucateado do país.

A estimativa é da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), que calcula existirem ao menos 12.800 vagões abandonados no Brasil.

Os veículos sem uso trazem problemas para quem vive nas proximidades de onde eles estão estacionados. Costumam dar abrigo a usuários de drogas, além de servir de esconderijo para criminosos.

Moradores vizinhos às estações relatam também acúmulo de lixo. É possível encontrar material ferroviário sucateado principalmente em Bebedouro, Araraquara, São Carlos, Ribeirão Preto e Rio Claro.

Márcia Ribeiro/Folhapress
Vagões de trem abandonados na estação ferroviária de Bebedouro, no interior de SP
Vagões de trem abandonados na estação ferroviária de Bebedouro, no interior de SP

Para as empresas concessionárias, os principais problemas relacionados aos vagões obsoletos estão na perda de espaço físico para as manobras com trens.

A frota abandonada no Estado é uma herança da antiga Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.), que em 1998 foi incorporada pela RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A).

Após a extinção da Fepasa, a malha viária paulista foi privatizada e parte do material (vagões, locomotivas, trilhos) foi concedida às empresas vencedoras dos leilões.

A ALL (América Latina Logística) e a FCA (Ferrovia Centro Atlântica), empresas que atuam no Estado, informaram que não arrendaram os 2.176 vagões abandonados na região de Ribeirão Preto.

Segundo as concessionárias, os vagões estão sob responsabilidade do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).

O Dnit, por meio de sua assessoria, confirmou ser o responsável pelos vagões. O órgão, no entanto, não se manifestou sobre o porquê de não remover os carros.

Editoria de Arte/Folhapress

Para Sidnei Gonçalves, diretor da ANPF (Associação Nacional de Preservação Ferroviária), o Dnit pode desconhecer boa parte do material ferroviário pelo qual seria responsável.

"O levantamento do órgão é bem recente", diz.

O impasse, segundo Gonçalves, acontece porque a RFFSA não tinha o levantamento de todo seu patrimônio até o ano em que foi extinta, em 2007 --após o fim da RFFSA, o controle do material férreo passou ao Dnit.

"A justificativa do Dnit é que a rede não passou todo o controle dos materiais."

Até dezembro do ano passado, o Dnit calculava haver 5.000 vagões abandonados pelo Brasil, cerca de 2.000 no Estado de São Paulo. O órgão não tem dados atualizados.


Endereço da página:

Links no texto: