Folha de S. Paulo


Pela 3ª vez, carros-fortes são alvos de ladrões em trecho de rodovia em SP

Reprodução/TV Globo
Carro-forte é alvo de ladrões na rodovia Tamoios, em São Paulo
Carro-forte é alvo de ladrões na rodovia dos Tamoios, em São Paulo

Nos últimos quatro meses, tentativas de roubos a carros-fortes têm se repetido no mesmo trecho da rodovia dos Tamoios, na região de Jambeiro (120 km de São Paulo). Nenhum dos criminosos foi preso até agora.

Nas ações, para obrigarem os motoristas a pararem, os ladrões atiram com fuzis contra os carros-fortes ou bloqueiam a rodovia com veículos. Essa é a rota que liga o Vale do Paraíba ao litoral norte de São Paulo.

Desta vez, por volta das 21h30 desta quinta-feira (21), uma quadrilha incendiou dois caminhões no km 16 da rodovia para tentar roubar dois veículos da empresa de transporte de valores Protege. Os motoristas pararam os blindados, e os ladrões começaram a atirar. Os seguranças revidaram e teve início um tiroteio. Um carro que passava pelo local foi atingido pelos tiros, mas os ocupantes saíram ilesos.

Na sequência os carros-fortes foram explodidos, mas a quadrilha não conseguiu acessar os cofres e fugiu. Durante a troca de tiros, os seguranças conseguiram fugir em direção a uma área de matagal. Um deles ficou ferido na fuga, segundo a PRE (Polícia Rodoviária Estadual). A polícia fez buscas na região, mas até a madrugada desta sexta (22) nenhum suspeito tinha sido preso.

OUTROS ATAQUES

Nas outras duas tentativas de roubo a carros-fortes na região os motoristas dirigiram na contramão da rodovia para fugir das quadrilhas.

Há um mês, o alvo dos criminosos foi um blindado da Brinks, no km 14 da via, na mesma região. Em uma troca de tiros entre ladrões e vigilantes, um caminhoneiro que trafegava pela via foi baleado e morreu no local.

Na ocasião, o motorista do blindado dirigiu na contramão da rodovia e conseguiu fugir dos criminosos. A quadrilha tentou perseguir o blindado mas desistiu do roubo. Na fuga, os criminosos roubaram um caminhão-baú, atravessaram o veículo na pista e atearam fogo para dificultar a perseguição da polícia.

Em 12 de setembro, um carro-forte, também da Protege, foi alvo de uma quadrilha, no mesmo km 16 da Tamoios. A quadrilha utilizou dois carros para forçar o motorista a parar. Em seguida, eles começaram a disparar vários tiros de fuzil no blindado.

O motorista dirigiu por 4 km na contramão até acessar um desvio no km 20 da via que dá acesso a uma estrada de terra, na zona rural.

No local, os vigilantes da Protege desembarcaram, trancaram o blindado e se esconderam no matagal. Os ladrões fugiram sem levar nada e os ocupantes do carro-forte saíram ilesos.

TERROR

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, disse na tarde desta sexta (22) que o registro desse tipo de crime preocupa o governo paulista em especial pela organização dos criminosos e pela sensação de insegurança que causa.

"Esse é um tipo de crime que vem sendo praticado de forma muito profissional por parte dos agentes [criminosos]. Eu tenho que ficar preocupado. Esse é um tipo de ação que causa terror", disse o secretário durante apresentação de dados sobre violência referente ao mês de novembro de 2017.

Os ataques a carro-forte não têm, porém, uma classificação específica. São considerados como roubos comuns, e entram na mesma estatística de roubo de celular, por exemplo.

No Estado, de acordo com os dados oficiais, esse tipo de crime reduziu 15% no mês passado, em comparação a novembro de 2016, passando de 27.029 para 22.982 registros.

Ainda de acordo com o chefe das polícias paulistas, o combate aos ataques a carros-fortes precisa continuar sendo "um trabalho de inteligência" para retirar de atividade as quadrilhas atuantes. Mágino disse também que neste ano "diversas quadrilhas" foram presas sob suspeita de participação nesse tipo de ataque –mas ele não apresentou números.

O secretário disse ainda ser favorável a mudança da legislação para permitir uma melhora nos equipamentos utilizados pelas empresas de transporte de valores, para que elas possam reagir aos ataques de maneira mais efetiva. Isso incluiria o aumento da blindagem dos veículos e armas pelos vigilantes. "Isso tudo ajudaria bastante."

Reprodução/TV Globo
Veículo incendiado em novembro por quadrilha durante tentativa de roubo a carro-forte
Veículo incendiado em novembro por quadrilha durante tentativa de roubo a carro-forte na Tamoios

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