Mãe do recém-nascido Arthur, baleado enquanto ainda estava sua em barriga, Claudineia dos Santos Melo, teve alta nesta quinta-feira (6) e encontrou o filho pela primeira vez.
Claudineia estava internada desde sexta-feira (30) no Hospital Municipal Moacir do Carmo, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ela deixou o local e se dirigiu para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, também na cidade, onde a criança está internada desde que passou por uma cesárea de emergência.
Ao deixar o hospital em que estava internada, Claudineia afirmou que seu maior sonho era tocar o bebê. Segundo o marido, Klebson da Silva, 27, o encontro aconteceu na tarde desta quinta. "A vontade dela era de pegar nosso rei Arthur no colo", disse ele.
Ela estava na favela do Lixão, no centro de Duque de Caxias, quando foi baleada, na última sexta. Os médicos fizeram uma cesariana de emergência e, durante o procedimento, descobriram que o bebê também havia sido atingido pela bala.
De acordo com a Polícia Militar, agentes haviam acabado de fazer uma operação na favela quando, na saída, foram alvo de tiros. A PM diz que não houve revide.
O tiro atravessou o quadril de Claudineia, perfurou os pulmões e lesionou a coluna de Arthur. O bebê passou por duas cirurgias e, depois, foi transferido para o Adão Pereira Nunes onde permanece em estado grave. Há chances da criança ter ficado paraplégica. Entretanto, o quadro não é irreversível.
Claudineia e Arthur entram para uma estatística que não para de crescer no Rio, a de pessoas atingidas por balas perdidas. Levantamento feito pela Folha indica que pelo menos uma pessoa foi atingida a cada dois dias na região metropolitana em 2017.
Na última terça (4), uma menina de 11 anos morreu após ser baleada na cabeça durante um tiroteio entre traficantes e policiais no complexo de favelas do bairro Lins de Vasconcelos, zona norte do Rio. A menina foi a quarta pessoa a morrer em menos de uma semana nas favelas do Rio.
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Exame de imagem do garoto, atingido nos pulmões e na coluna |