Folha de S. Paulo


Homem é vítima de cheia, árvore e falta de luz no mesmo dia em SP

Ronaldo Silva/Futura Press - 21.out.2016/Folhapress
SÃO PAULO,SP,21.10.2016:QUEDA-ÁRVORES - Queda de árvore sobre carro na Rua Guaricanga, na Lapa, Zona Oeste de São Paulo (SP), na manhã desta sexta-feira (21). Um dia após o temporal que atingiu a cidade de São Paulo, os moradores continuam enfrentando os transtornos causados pelo impacto da chuva desta quinta-feira (20). A Zona Oeste foi a mais afetada. Cinco bairros estão sem energia elétrica. (Foto: Ronaldo Silva/Futura Press/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
Em primeira chuva forte da temporada, árvore cai e atinge carro de morador da Lapa, zona oeste de SP

O comerciante Marcos Cavichioli, 51, voltava para casa em 20 de outubro passado, uma tarde de quinta-feira que parecia como uma outra qualquer em São Paulo.

Perto das 17h, quando entrou no carro, na Vila Leopoldina (zona oeste), chovia fraco. Porém, no meio do caminho para casa, o tempo virou.

Era a primeira grande chuva da temporada, e Cavichioli ficou preso em um alagamento na rua Cuevas, já na Lapa, onde mora.

A enxurrada era tamanha que levou a placa de seu carro –encontrada por uma criança, guardada e recuperada dias depois. O trânsito era caótico e parte dos semáforos estava apagada.

Cidade dos alagamentos

Quando superou o caos do trânsito e chegou à porta de casa, mais surpresas: uma árvore havia desabado em cima de seu outro carro, estacionado na entrada do prédio. O veículo estava amassado e com vidros quebrados.

Do outro lado da rua, um poste soltava faíscas, após um curto-circuito que deixou toda a região sem luz. Dentro do prédio, uma janela e um vidro do hall haviam quebrado com as rajadas de vento.

"Mas eu nem liguei para o carro. Só pensava na minha filha, que tem autismo e que estava em casa", diz o comerciante. Desorientada com o cenário caótico e a falta de energia elétrica, a menina chegou a ter convulsões. "Vira tudo uma bagunça: árvore, energia, alagamento", resume o comerciante.

Não é como se os problemas tivessem se resolvido depois do fim da chuva: ele ficou sem luz por mais de 24 h.

Sequer conseguia falar com a Eletropaulo para resolver o problema ou ouvir uma explicação –naquela quinta, a empresa recebeu mais de 29 mil chamadas por hora (um dia comum de chuva registra cerca de 7.000 por hora).

Além disso, a prefeitura demorou uma semana para retirar o tronco da árvore da calçada, o que impedia a passagem e até o acesso à sala de controle de gás do prédio.

Fora o prejuízo com o carro, Cavichioli estuda processar a prefeitura, pois já tinha pedido a remoção da árvore. A 350 metros dali, morreu o funcionário de uma oficina, alvo de uma descarga elétrica.

FIOS ELÉTRICOS

Na mesma rua Cuevas, onde o comerciante ficou preso em uma enchente, a queda de uma árvore destruiu o muro da frente da casa do aposentado Luciano Valdo, 74.

O tronco atingiu até o teto da casa, amassando-o. "Estava aqui dentro com minha neta, ficamos apavorados. Achava que ia cair a casa", diz ele, que ficou sem energia e até sem água nos dias seguintes.

Com a casa aberta, ele teve que contratar um vigia e montar um tapume quando a prefeitura levou a árvore caída, cinco dias depois.

Na casa da frente, o problema foi outro: a queda de uma árvore (também já alertada à prefeitura, dizem os vizinhos), interrompeu por cinco dias a entrada da garagem do aposentado Rubens Ragazzo, 80.

"A árvore estava oca por dentro. A gente chama, chama e não vem podar. Depois cai e o prejuízo é nosso", diz ele, que ainda reclama da bagunça dos cabos elétricos. Ele mesmo chegou a enrolar um fio solto em um poste, para evitar acidentes, uma vez que a Eletropaulo não atendia o seu pedido.


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