Folha de S. Paulo


MARCO ANTÔNIO ROSA (1955-2016)

Mortes: Um jornalista que foi mendigo, vigia e bandido

Em uma cadeira de rodas, Marco Antônio Rosa foi mendigo na Santa Efigênia. Em outra ocasião, foi vigia noturno, morador de uma favela. Também chegou a ser bandido comprando armas dentro de uma delegacia de polícia. Foram muitas as suas aventuras como jornalista.

Nascido no Rio, criado em Minas, ele passou a maior parte da vida em São Paulo. Chegou com pouco mais de 20 anos, com a mulher e o filho, atrás de oportunidade. Deixou Minas para estudar física na PUC-RJ e, depois, o Rio e a física por achar que estava fadado a ser professor, apesar de desejar ser pesquisador.

Negro e de origem humilde, passou por vários empregos até chegar ao jornalismo, embora alguns já fossem em jornais. Foi digitador nesta Folha e diagramador no "Diário do Comércio". As horas vagas eram dedicadas aos filhos e as leituras. Passava horas em bibliotecas.

Como jornalista, fez jornais para sindicatos, passou pela Folha, pelo "Diário do Grande ABC", pelo "Notícias Populares". Também trabalhou em Londres, apesar do visto de estudante. Ao seu lado estava a sua segunda mulher, Cecília, também jornalista.

No trabalho, ele não usava o nome Antônio e com o tempo, alternava Rosa e Roza.

Calmo, brincalhão, disciplinado, deixou os jornais há cerca de 20 anos, mesma época em que escreveu o livro "Procurar emprego nunca mais". Abriu a agência Consumidor Popular, onde fazia publicações, consultoria, traduções. Trabalhou nela até o fim.

Morreu dia 25, aos 60, após um edema pulmonar. Deixa mulher, pai, três filhos, sete netos, três irmãos e amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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