Folha de S. Paulo


Bombeiros de MG recuam, e número de mortos volta a ser de uma pessoa

Os Bombeiros e o Governo de Minas Gerais recuaram na confirmação de que o segundo corpo encontrado no sábado (7), no rio Doce, estava ligado ao rompimento das duas barragens da mineradora Samarco, na última quinta-feira (5).

No sábado (9), autoridades haviam confirmado que o cadáver –de um homem, ainda não identificado– havia sido localizado na barragem da hidrelétrica e que era vítima do acidente. No entanto neste domingo (8), em entrevista coletiva, Bombeiros e governo estadual voltaram atrás e disseram que não era possível estabelecer uma ligação.

Nas buscas deste domingo (8), um terceiro cadáver foi avistado no rio Doce, mas ainda não foi resgatado. Segundo os Bombeiros, ambos os corpos estavam na área por onde a lama passou, o que não confirma a relação com o rompimento das barragens.

O corpo encontrado no sábado foi encaminhado ao necrotério de Mariana (MG) e vai passar por perícia para tentar identificar a causa da morte e se há algum parentesco com algum dos 28 desaparecidos.

Editoria de Arte/Folhapress

As causas do acidente, que o Ministério Público classificou como o maior desastre ambiental da história de Minas, seguem uma incógnita.

A empresa diz que o conjunto de barragens foi fiscalizado em julho e estava em"totais condições de segurança". Disse que seguiu seu plano para emergências e alertou moradores por telefone.

Segundo a empresa, pequenos tremores de terra registrados na área duas horas antes do rompimento são uma das hipóteses avaliadas (a magnitude deles, porém, foi fraca, próxima de outros cem já registrados em território nacional nos últimos três anos).

Ela afirma que os resíduos que atingiram cinco distritos de Mariana não são tóxicos.

No ginásio para onde foram levadas centenas de desalojados, o clima era de desespero. Cartazes foram afixados em busca de parentes.

Segundo o prefeito de Mariana, Duarte Junior (PPS), moradores de outras localidades foram avisados a tempo. "No distrito de Paracatu a parte baixa onde estava a escola e as casas, infelizmente, não existe mais."

SEM EVIDÊNCIAS
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT) afirmou em entrevista coletiva, neste domingo (8), que "não existe evidência sobre o que causou o rompimento das barragens".

Sobre a falta de um aviso sonoro para alertar a população do distrito de Bento Rodrigues (MG), ele disse que o alarme não é exigido por legislação. "Não sei se um alarme sonoro teria feito muita diferença nesse caso", disse. Em seguida, minimizou afirmando que "é importante que haja sinalização sonora".

Pimentel ainda afirmou que "com certeza os 13 desaparecidos [funcionários que trabalhavam nas barragens da mineradora Samarco] dificilmente serão encontrados com vida, infelizmente".

Em relação às 15 pessoas não encontradas por familiares, ele afirmou é possível que sejam localizadas com vida em áreas isoladas, e que não queria "tirar a esperança de ninguém", mas que "na medida em que o tempo vai passando, a esperança vai diminuindo".

Ao contrário da declaração de Pimentel, o coronel Gualberto, do Corpo de Bombeiros, afirmou que vai "trabalhar até o último momento com a possibilidade de vida" e que, por pelo menos uma semana, as buscas serão focadas em encontrar sobreviventes.

No momento, a operação de busca trabalha com sete helicópteros, 13 viaturas e um cão farejador. 588 pessoas afetadas pelo acidente já foram encaminhadas à rede hoteleira e Bombeiros e Defesa Civil trabalham para levar água e mantimentos a comunidades isoladas.

Os Bombeiros ainda atualizaram a informação sobre alama que avança em direção ao Espírito Santo : agora, a previsão é de que o material chegue no Estado apenas na terça-feira (10), e não na segunda (9), como foi divulgado anteriormente pelo Serviço Geológico do Brasil.


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