Folha de S. Paulo


Juíza é agredida em vistoria a presídio por suspeitos de participar de milícia

A juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza, titular da Vara de Execuções Penais do Rio, foi agredida, na tarde desta quinta-feira (1º) durante fiscalização no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro. A unidade é destinada a manter detidos os policiais militares suspeitos da prática de crimes.

De acordo com policiais, a magistrada foi à unidade apurar denúncias de que os PMs presos estariam obtendo regalias nas celas. Um policial detido, suspeito de integrar uma milícia, não permitiu que Daniela de Souza entrasse em uma das alas e deu um tapa em seu rosto.

A magistrada perdeu os óculos e chegou a ficar sem os sapatos. A escolta que estava com ela também foi agredida. O grupo só se desvencilhou da situação após a interferência de outros PMs presos.

Daniela de Souza foi para outra área da unidade e acionou o Batalhão de Choque, que foi para o local. Uma equipe da Corregedoria Interna da PM também foi ao local para apurar a situação.

O Tribunal de Justiça do Rio divulgou nota em que confirmou a agressão à juíza. O texto afirma que os PMs presos impediram a vistoria e que "chegaram a agredir a magistrada, que teve a blusa rasgada".

Ainda de acordo com a nota, a juíza foi obrigada a deixar o local e retornou com a segurança do tribunal e com homens do Bope (Batalhão de Operações Especiais).

Neste momento, a juíza tenta com o titular da BEP, o juiz Eduardo Oberg, identificar os autores da agressão contra ela e sua escolta –que era formada no momento da visita por cinco policiais.

"O Tribunal de Justiça está apurando todos os detalhes do ocorrido e irá tomar todas as providências cabíveis", completa o texto.

Para o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, "não chegou a ser uma rebelião. Foi uma discussão entre a juíza, seus seguranças e milicianos que estavam por ali O Choque foi acionado imediatamente para que pudéssemos evitar maiores consequências".

"Esse é um dos motivos pelos quais a gente há tempos pede a retirada do batalhão prisional dali, a elaboração de uma galeria específica para policiais dentro do Complexo de Gericinó. O BEP não é um lugar prisional, era um batalhão de polícia. Vamos ver se conseguimos transferi-los para um presídio que a Seap (Secretaria de Administração Prisional) nos proporcionou em Niterói", acrescentou Beltrame.


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