Folha de S. Paulo


Artistas e ativistas fazem intervenções contra a redução da maioridade penal

Pintando um bandeirão com os dizeres "redução é roubada" no Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo, cerca de 100 artistas manifestam-se contra a proposta da redução da maioridade penal na tarde deste sábado (9).

A ação é uma das dezenas de intervenções artísticas e mobilizações de coletivos e movimentos sociais que ocorrem em diversos pontos da capital paulista, chamada de "Virada Penal".

Locais como a praça Roosevelt, o largo de Pinheiros, a rua 25 de Março e a Ocupação Mauá foram escolhidos para apresentações de teatro, exibições de filmes e a realização de debates, organizados por cerca de 200 coletivos e movimentos sociais. As cidades de Brasília, Salvador, Recife e Campinas são algumas das que também participam do evento.

Ressuscitada pela bancada conservadora da Câmara, sob o comando de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a redução da maioridade penal está sendo debatida no Congresso. A discussão da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) pode levar a maioridade de 18 para 16 anos.

Segundo pesquisa Datafolha, divulgada no último dia 15, se houvesse hoje uma consulta popular, 87% dos brasileiros diriam ser a favor da redução da maioridade. A maior rejeição à proposta está entre os mais escolarizados (23%) e entre os mais ricos (25%).

CRIAÇÃO DO EVENTO

Através das redes sociais e encontros, os coletivos e movimentos sociais montaram a Rede de Intervenção Contra a Redução da Maioridade Penal, para discutir o tema. Duas semanas foram necessárias para organizar a Virada, através da mobilização do coletivo Jornalistas Livres e as outras organizações. A Rede pretende organizar outros eventos durante todo o mês de maio, até a possível votação da PEC.

"Fizemos um trabalho corpo a corpo, começamos a entrar em contato através de redes e telefone para dialogar com os coletivos e nos mobilizar contra a proposta da redução da maioridade penal", afirma Fernando Sato, do Jornalistas Livres e coletivo Casadalapa. "É preciso tentar reverter esse quadro com informação; a arte e a formação de redes entram como forma de ajudar, para dizer o que a gente pensa".

INTERVENÇÕES ARTÍSTICAS

Uma das apresentações marcadas para a virada é a competição ZAP! Slam, de "spoken word" (intervenção artística onde pessoas falam músicas ou poesias) na Praça Roosevelt, às 16h. "Usando o espaço público, estamos nos posicionando a respeito desta questão. Estamos colocando a nossa arte a serviço de uma ideia", afirma Roberta Estela D'alva, apresentadora do ZAP! Slam.

O grupo Casa 360° usou a rua Cerro Corá, na Lapa, zona oeste de São Paulo, para fazer intervenções de música e artes visuais, das 11h às 12h. Segundo Gisele Penacieli, membro do coletivo, a organização da Virada foi autogestionária, cada artista teve liberdade na criação e manifestação. "É preciso mais arte, cultura e educação aos jovens, para dar perspectivas, para quebrar o ciclo vicioso do castigo e da prisão".


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