Folha de S. Paulo


Sobe número de cidades brasileiras que privatizam água e esgoto

Em meio à crise hídrica, cresce o número de municípios que privatizam os serviços de água ou esgoto.

Só ano passado, oito cidades, incluindo uma capital –Maceió (AL)–, entregaram os serviços ao setor privado.

A privatização cresce desde 1995 e já foi adotada por 305 cidades e regiões metropolitanas, como a de Belo Horizonte, afirma a Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto. O país tem 5.570 municípios.

A medida, porém, não evita que torneiras sequem. É o caso de Limeira, no interior de SP, uma das pioneiras na concessão do serviço.

Em 1995, a Odebrecht assumiu o tratamento e o fornecimento de água, e a coleta e o tratamento de esgoto.

A perda de água, que era de 45%, caiu para 14,5%, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. O esgoto é 100% tratado.

Ainda assim, Tadeu Ramos, diretor da Odebrecht Ambiental na cidade, não garante que não faltará água. "Tem que chover."

Jorge Araujo/Folhapress
Sem água, moradores de Sumaré (SP) vão retirar água de poço em praça da cidade
Sem água, moradores de Sumaré (SP) vão retirar água de poço em praça da cidade

O desperdício de água é recorrente nas cidades que recorrem à privatização.

A Prefeitura de Sumaré, segundo maior município da região de Campinas, concedeu o serviço de água e esgoto também à Odebrecht Ambiental em novembro, após o diagnóstico de "incapacidade" para investimentos.

A falta de água é crônica: do total tratado, 57% se perde na distribuição. E só 13% do esgoto é tratado.

Segundo Márcio Tanajura, diretor de concessão da Odebrecht Ambiental em Sumaré, a meta é reduzir perdas para 30% em três anos (dois antes do previsto no contrato).

O acordo, de R$ 345 milhões em investimentos por 30 anos, também prevê elevar o tratamento de esgoto para 60% em oito anos. A empresa pagará R$ 91 milhões pela concessão. Em troca, vai faturar com o serviço.

FISCALIZAÇÃO

A fiscalização tanto do serviço quanto dos preços fica a cargo do poder concedente e das agências reguladoras.

Se previsto em contrato, as concessões são responsáveis por coletar, tratar e distribuir água. Os serviços previstos como ligações, troca de hidrômetro e reparos também são feitos pelas empresas.

"A questão não é se o serviço é público ou privado. A questão é se o serviço é de qualidade. Se privado, ele será ruim se tiver uma regulação e fiscalização ruins", disse Carlos Tucci, professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Segundo o presidente-executivo da associação das concessionárias privadas, Roberto Muniz, o setor privado consegue realizar ações de forma mais rápida do que o público.

No Estado de São Paulo, segundo a associação, 51 municípios têm serviços de água ou esgoto (ou ambos) destinados à iniciativa privada. Outros 364 têm contrato com a Sabesp, empresa de economia mista. Os demais são operados por serviços municipais ou empresas públicas.


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