Ao se aposentar pelo extinto banco Banespa, Iedo Venâncio não quis nem saber de ficar parado. Decidiu que era hora de, finalmente, cursar uma faculdade.
Prestou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) —no qual tirou 10 na prova de redação— e, com a nota do exame, foi aprovado em ciências contábeis em Piracicaba, no interior paulista, aos 68 anos. Pelos colegas, era carinhosamente chamado de vovô.
Com o diploma na mão, encarou a segunda graduação, desta vez em filosofia. Começou neste ano, mas precisou interromper ao ficar doente —tinha enfisema pulmonar.
Bom com números, Iedo também sempre gostou de ler. E muito. Devorava ao menos três jornais diariamente, sem contar outras leituras. Estava sempre por dentro das notícias do dia a dia.
Nos últimos 53 anos, contava com o carinho e a atenção de Maria Inês. Foram 12 anos de namoro e 41 de casamento, relação que começou quando ainda eram bem jovens. Se conheceram na infância, em Monte Aprazível, cidade paulista onde foi viver com a família após deixar a terra natal, Votuporanga.
Nas horas de folga, sua paixão era o futebol. São-paulino fanático, doou sacos de cimento para a construção do estádio do Morumbi, que começou nos anos 1950.
Morreu na segunda-feira (9), aos 72, de infecção pulmonar. Além da viúva, deixa os três filhos, uma neta e os seis irmãos.