Folha de S. Paulo


PUC decide suspender aulas por conta de paralisação de ônibus em SP

A PUC decidiu suspender as aulas em todos os seus campi localizados na capital paulista na noite desta terça-feira por conta dos protestos e paralisações que afetam o trânsito e o funcionamento do transporte público desde a manhã.

Em nota, a instituição afirmou que "em virtude do transtorno causado pela paralisação do transporte público na capital, e das manifestações em diversos pontos da cidade, a PUC-SP suspende as aulas do período noturno nos campi Monte Alegre, Consolação, Ipiranga e Santana e na unidade Cogeae".

Os campi da universidade nas cidades de Sorocaba e Barueri terão aulas normais na noite desta terça.

Já a Universidade Presbiteriana Mackenzie informou que os alunos dos períodos vespertino e noturno que não vai dar falta para os alunos que não conseguiram ir às aulas por causa da greve. As provas substitutivas e entrega de trabalhos agendados para hoje serão, se necessário, reagendados.

Os protestos de hoje também fizeram a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) suspender o rodízio de veículos, que impediria a circulação de veículos com placas de final 3 e 4 no período das 17h às 20h. Estão mantidas as proibições de circulação nos corredores e faixas exclusivas de ônibus nos horários regulamentados, bem como a Zona Azul e a ZMRC (Zona de Máxima Restrição à Circulação de Caminhões).

Ao todo, 15 dos 28 terminais de ônibus da cidade estão fechados na noite desta terça. Segundo a SPTrans, estão sem circulação os terminais Amaral Gurgel, Barra Funda, Bandeira, Butantã, Cachoeirinha, Casa Verde, Dom Pedro, Lapa, Mercado, Santana, Sacomã, Pirituba, Pinheiros, Princesa Isabel e Varginha.

Um grupo de motoristas e cobradores de ônibus também protesta na no viaduto do Chá, na frente da Prefeitura de São Paulo, e afirma que não sairá do local até que o sindicato negocie o reajuste salarial reivindicado pelo grupo de manifestantes. Eles não concordam com a proposta fechada entre o sindicato e as empresas.

A rua da Consolação também estava com a pista sentido centro, por volta das 17h30, por um grupo de professores da rede municipal que pede a incorporação ao salários do abono já anunciado pela prefeitura. A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), porém, afirma que só pode conceder a incorporação a partir do próximo ano.

IMPASSE

Segundo o sindicato da categoria, trata-se de um protesto de um grupo dissidente que não concorda com o acordo salarial fechado com as empresas de ônibus. A proposta acordada com as companhias prevê um reajuste salarial de 10%, além de aumento nos valores do vale-refeição e na participação nos lucros.

"A gente conseguiu uma luta que vinha realizando há mais de 10 anos, que é a insalubridade e o direito dos trabalhadores se aposentarem aos 25 anos de trabalho. Isso é uma conquista de 10 anos. A categoria teve o direito reconhecido. Além disso, tivemos 10% de aumento, o ticket foi para R$ 16,50, a nossa cesta básica que era fornecida pelas empresas de péssima qualidade será melhorada", afirmou Francisco Xavier da Silva Filho, diretor executivo do sindicato dos motoristas.

Atualmente, o piso salarial de motoristas é de R$ 1.955, e o de cobradores, R$ 1.130. A proposta de reajuste salarial foi aprovada pela categoria em assembleia nesta segunda-feira (19). Os manifestantes pedem um reajuste de pelo menos 33%, vale refeição de R$ 22 -atualmente o valor é de R$ 15,30- e melhorias na cesta básica e plano de saúde da categoria.

"A gente fez uma paralisação sem líder, começamos aqui [largo do Paissandu] e automaticamente foi tudo parando, se avisando por telefone, porque tá todo mundo insatisfeito. Todos pela mesma causa. A gente quer 33% de reajuste salarial, R$ 22 de ticket, R$ 1.500 de PL [participação nos lucros], melhores condições de trabalho, uma cesta básica decente, carga horária ajustada para fazer os percursos das viagens, convênio médico melhor porque o nosso é pior do que hospital público", diz Sidney Santos, 29, motorista e manifestante.


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