Folha de S. Paulo


Paralisação deixa 300 mil sem ônibus em Florianópolis (SC)

Mais de 300 mil passageiros do transporte coletivo da Grande Florianópolis estão sem ônibus desde as 7h30 desta quinta-feira (8) por causa de uma paralisação de motoristas e cobradores.

A categoria teme que 350 dos 2.500 cobradores da região sejam demitidos com o novo sistema de transporte público, em vigor desde abril. Nele, cobradores estão deixando de atuar nos ônibus e os motoristas assumem a cobrança das passagens.

O protesto gerou uma episódio curioso: passageiros que se dizem cansados com as frequentes paralisações de motoristas e cobradores na capital catarinense realizaram um protesto. Tentaram fechar uma ponte da cidade.

A Prefeitura de Florianópolis garante que não haverá demissões, só uma readequação dos postos de trabalho —cobradores assumirão outras funções.

De acordo com o secretário de Mobilidade Urbana da cidade, Valmir Piacentini, os cobradores vão ser "gradualmente readequados para outras funções dentro das empresas".

O presidente do sindicato das empresas, Waldir Gomes, disse que "só cobradores que pedirem demissão" não serão substituídos.

A prefeitura se comprometeu a investigar a saída de cada trabalhador para se certificar de que não houve pressão dos patrões.

Segundo as empresas, a cada mês cerca de 20 cobradores pedem demissão —a categoria trabalha seis horas e vinte minutos por dia e recebe R$ 1.050,00 de salário.

AVISO

Os passageiros do transporte coletivo previam a paralisação desta quinta desde a semana passada, quando motoristas e cobradores ameaçavam interromper o trabalho.

De acordo com o sindicato da categoria, "outras paralisações podem ocorrer" enquanto durarem as negociações.

No ano passado, em maio, quando patrões e empregados negociavam só aumento salarial, houve interrupções do sistema que duraram mais de dez horas.

Hoje, a categoria sinaliza voltar ao trabalho antes do meio-dia. Mas não descarta a possibilidade de greve por tempo indeterminado se não houver acordo sobre a saída dos cobradores.

No entender do sindicato, a saída dos cobradores sobrecarregará os motoristas, que, além de dirigir, terão de cobrar a passagem.

O novo sistema de transporte de Florianópolis começou a ser discutido no ano passado, depois dos protestos de junho. Ele prevê ajustes, como a troca de ônibus simples por articulados, até o ano que vem.

Pelo contrato assinado entre a prefeitura e empresários, o preço da passagem no cartão deve ser reduzido de R 2,90 para R$ 2,75 ainda neste ano.

Uma das cláusulas prevê que o sistema será submetido à avaliação dos passageiros, cujo resultado terá de ser considerado na hora da renovação do contrato entre administração municipal e empresários.

FILAS

Nesta quinta-feira, por causa da interrupção do transporte coletivo, muitos moradores saíram de casa de carro, o que agravou ainda mais as filas na região.

No início da manhã, havia congestionamentos acima da média especialmente para chegar à parte insular de Florianópolis, onde se concentram as escolas, universidades, comércio e repartições públicas.

Até as 9h30, nenhum sistema alternativo de transporte, como vans, havia sido colocado à disposição dos usuários do sistema.


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