Quando Pezão, como era conhecido, era apenas um adolescente na década de 70, viu passar pela soleira de sua casa seu primo. Uma figura quase mítica de barba e cabelos esvoaçantes que atendia pelo nome de Alceu Valença. "Um lampião moderno", Pezão descreveu certa vez em uma entrevista.
No São João de Caruaru de 1986, Pezão começou a seguir o primo em seus shows. Trabalhava de graça com qualquer ofício. Abandonava assim a graduação de direito.
Trabalhando com o parente ilustre adquiriu experiência montando palcos e projetando a iluminação dos shows. Não era raro, em algum grotão do país ou festival no mundo, tinha que pendurar-se nas estruturas de ferro para fazer alguma gambiarra que viabilizasse o espetáculo.
Depois de sete anos e algumas brigas com Alceu, ficou fascinado por um cantor e uma banda de sua terra: Chico Science e Nação Zumbi, ícone da música brasileira nos anos 90. Mais uma vez, ofereceu-se a trabalhar de graça. Com eles, voltou a rodar o mundo e a ter uma rotina de rock-star.
A parceria acabou no dia de seu aniversário quando Science morreu em um acidente.
Trabalhou ainda com Lenine, que o chamava de irmão. Depois disso, esteve à frente por dez anos da produção artística dos shows do carnaval do Recife, no Marco Zero.
Era conhecido pelo temperamento explosivo no trabalho, mas doce com a família.
Morreu no dia 25 devido a complicações da acromegalia. Deixa irmãos e a mãe. Uma missa do sétimo dia será feita na sexta-feira, às 19h, na igreja das Graças, no Recife.
coluna.obituario@uol.com.br