Folha de S. Paulo


Garis fazem greve em seis cidades da região do ABC, na Grande SP

Cerca de 2.500 garis e coletores de lixo de seis cidades do ABC, região com 2,5 milhões de habitantes na Grande São Paulo, estão em greve há quatro dias.

Desde segunda-feira, a varrição das ruas e a coleta de resíduos estão sendo feitas num esquema de rodízio de bairros, provocando acúmulo de lixo nas ruas e nas lixeiras.

Anteontem, uma liminar do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) determinou que o Siemaco-ABC (sindicato da categoria) mantenha 50% dos funcionários trabalhando. Em caso de descumprimento, a entidade será multada.

A Prefeitura de São Bernardo do Campo, no entanto, diz que o serviço está completamente interrompido na cidade. O sindicato nega.

No município, que produz 750 toneladas de lixo por dia, a coleta está sendo feita parcialmente por funcionários da prefeitura.

Danilo Verpa/Folhapress
Lixo acumulado em rua de São Caetano do Sul; garis de seis cidades do ABC estão em greve
Lixo acumulado em rua de São Caetano do Sul; garis de seis cidades do ABC estão em greve

Os garis em greve pedem reajuste salarial de 15,38%. As empresas, no entanto, oferecem 10% -proposta rejeitada em uma assembleia dos trabalhadores.

"Quando chegamos a 10%, o sinal vermelho [das empresas] acendeu. Esses 15% são tudo ou nada, radicalização", diz Ariovaldo Caodaglio, presidente do Selur (sindicato das empresas de limpeza urbanas de São Paulo).

A entidade é quem está negociando com os trabalhadores, sem a participação das prefeituras.

Um gari da região do ABC tem um salário-base de R$ 853. Os coletores -aqueles que trabalham em caminhões- recebem R$ 1.013.

"A gente está esperando a resposta da Selur. Se eles demorarem dois anos para responder, nós ficaremos dois anos parados", diz Roberto Alves, presidente do Siemaco.

Ontem, a Folha percorreu ruas do centro de São Caetano do Sul, historicamente um dos maiores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país.

Algumas calçadas estavam cheias de lixo. Sacos se amontoavam em reservatórios na frente de condomínios residenciais e na lixeira das casas.

"Sou a favor da greve, eles [garis] ganham pouco. Mas o lixo está se acumulando. Onde a gente vai jogar?", questiona Marcos Tadeu, 28, gerente de uma padaria na cidade.

Na rua do estabelecimento, próximo à Câmara Municipal, uma fileira de sacos na calçada atrapalha até a passagem dos pedestres.

Antes da greve, a coleta no bairro ocorria diariamente. Segundo moradores e comerciantes, porém, nessa semana o caminhão ainda não passou.

"O cheiro está muito forte. No nosso lixo tem verdura, carne e frutas. Tudo apodreceu e está aí amontoado na calçada", conta Nathane Cristina, 23, fiscal em um sacolão.

A Prefeitura de São Caetano diz que busca soluções emergenciais para limpar as ruas.


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