Folha de S. Paulo


Após ação da polícia, alunos da UFSC mantêm invasão da reitoria

Estudantes do maior campus da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), em Florianópolis, mantêm há mais de 24 horas uma ocupação em parte do prédio da reitoria.

O ato ocorre em retaliação a uma operação antidrogas da Polícia Federal realizada nesta terça-feira (25), que terminou com cinco estudantes detidos. Com eles, a PF afirmou ter encontrado pequenas porções de maconha -todos foram liberados após prestar depoimento.

A operação terminou em confronto entre estudantes e policiais federais, que acionaram o grupo de choque da Polícia Militar. No tumulto, um carro da Polícia Federal e outro da universidade foram depredados.

Os policiais militares dispararam balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo contra um grupo de 300 estudantes e professores que protestavam contra as detenções.

O diretor do CFH (Centro de Filosofia e Ciências Humanas), Paulo Machado, disse que os policiais federais "não estavam identificados e utilizaram um carro particular na ação."

"Não foi apresentado nenhum mandado de prisão e eles disseram que a autoridade ali eram eles", complementou.

A UFSC diz que uma dezena de estudantes e professores foi agredida. A PF afirma que quatro policiais se feriram na ação.

PRESENÇA DA PM

O DCE (Diretório Central dos Estudantes) é contrário à presença da Polícia Militar no campus e exige da administração superior a proibição de policiais no local.

Em audiência nesta quarta-feira (26) com os estudantes, a reitora da UFSC, Roselane Neckel, classificou a operação da PF como "arbitrária" e disse que desconhecia qualquer ação policial no campus.

Ela prometeu reverter uma decisão firmada no Ministério Público do Estado que autorizava a presença da polícia no campus.

"Nenhuma ação policial poderá ser feita nos campi da UFSC sem autorização prévia, condição que já constava no termo atual e foi desrespeitada", disse a reitora em comunicado.

No documento encaminhado aos estudantes, a reitora afirmou ainda que irá tomar medidas legais para punir "todos os envolvidos na ação da Polícia Federal" e que elaborará um dossiê com relatos de excessos "cometidos pela força policial".

Os estudantes votariam ainda hoje, em assembleia, se aceitam as propostas da reitoria para desfazer a ocupação.

PF REBATE CRÍTICAS

A PF, em nota, informou que foi procurada pela reitora da UFSC em agosto de 2013 para "reprimir o tráfico de drogas no ambiente universitário".

A operação, segundo a PF, só demandou reforço da Polícia Militar devido "à hostilidade de um grupo que montou uma barricada feita de tapumes e passou a arremessar pedras e paus contra os policiais."

A PF afirmou que, embora não precise avisar a instituição sobre nenhuma operação, "tinha autorização expressa da reitoria para a realização das diligências."

A instituição disse que abrirá inquérito para apurar a atuação de seus agentes na ação e "a destruição de duas viaturas, o ferimento causado a quatro policiais e a destruição de câmeras do circuito interno da UFSC."


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