Folha de S. Paulo


Grevistas resistem, e PM desfaz piquete 'no braço' em presídio de Hortolândia

A Polícia Militar usou a tática da "tropa do braço" para desfazer um piquete de agentes penitenciários grevistas no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Hortolândia (a 109 km de SP).

O incidente ocorreu nesta quinta-feira (20), após grevistas se recusarem a abrir os portões da unidade prisional para receber detentos que estavam na cadeia anexa ao 2º DP (Distrito Policial) de Campinas.

No total, 29 presos foram levados pela Polícia Civil ao CDP por volta das 11h de hoje, mas os agentes penitenciários barraram a entrada do comboio.

Para permitir a entrada da polícia e dos detidos, homens da Força Tática da PM precisaram retirar à força os grevistas, que estavam sentados no chão e impediam a entrada dos veículos que transportavam os presos.

Nenhum agente foi detido durante a ação.

À tarde, a Polícia Civil tentou novamente entrar no CDP, para levar mais 30 presos que estavam no 2º DP, mas não obteve sucesso. Os detentos tiveram de ser levados de volta.

A cadeia anexa ao distrito policial tem capacidade para 48 pessoas, mas está superlotada, com 76 detidos.

Procuradas, a SAP (Secretaria de Administração Penitência) e a SSP (Secretaria de Segurança Pública) não se pronunciaram sobre o conflito até o momento.

GREVE

A paralisação dos agentes penitenciários em campanha salarial já dura mais de dez dias. Governo do Estado e grevistas chegaram a fazer uma reunião no começo da semana, mas a proposta do governo não agradou a categoria.

A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) informou que 88 das 158 unidades prisionais do Estado –56% do total– estão com parte de seus serviços paralisados devido à greve.

Segundo a secretaria, desde terça (18) uma decisão judicial liminar proíbe "quaisquer medidas que impeçam o transporte de detentos para audiências e julgamento e a transferência de presos entre unidades", sob pena de multa de R$ 100 mil ao sindicato da categoria por dia e unidade prisional paralisada.

A SAP diz que "mantém sua disposição de negociar com as entidades representantes dos agentes penitenciários e espera responsabilidade dos líderes do movimento na manutenção dos serviços essenciais determinados por lei".

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), esteve em Campinas na manhã de hoje. Ao ser questionado sobre a greve, disse esperar "que o bom senso prevaleça". "Esperamos que a greve acabe o mais rápido possível."

CONFRONTO

Sobre a ação da PM, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou, também em nota, que "atua em conjunto com a Secretaria da Administração Penitenciária e, sempre que solicitada, emprega seus efetivos de acordo com a necessidade, inclusive, na transferência de presos".

"No intuito de garantir o cumprimento de ordem judicial, as polícias Civil e Militar garantirão mecanismos para fazer a inclusão de presos dos Distritos Policiais para os CDPs e penitenciárias", informou a secretaria.


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