Folha de S. Paulo


Em greve, garis protestam em frente à Prefeitura do Rio

Cerca de 500 garis, vigias e auxiliares de serviços gerais da Comlurb - a companhia de limpeza urbana do município - fazem uma manifestação por aumento salarial, na manhã desta sexta-feira (07), em frente à Prefeitura do Rio.

Segundo os líderes dos manifestantes, cerca de 70% da categoria adere a greve pelo sétimo dia consecutivo.

À Folha, os garis reclamaram também da falta de cuidados com a saúde dos profissionais que lidam diariamente com lixo. "Estou há seis anos na Comlurb e só fiz um exame periódico até hoje, em 2008. E nunca vi esse resultado", disse Alex Martins, 30, que trabalhou com coleta até o fim do ano passado e agora varre as ruas da cidade.

Até as 11h, nenhum representante da prefeitura apareceu para falar com os garis. Pelo menos 20 PMs bloqueiam a entrada principal da prefeitura. Os manifestantes disseram que pretendem sair à tarde em passeata até a Assembleia Legislativa do Rio.

Ale Silva/Futura Press/Folhapress
Garis realizam protesto em frente à Prefeitura do Rio de Janeiro; PM reforça segurança no local
Garis realizam protesto em frente à Prefeitura do Rio de Janeiro; PM reforça segurança no local

ESCOLTA

Ontem (6), policiais militares e guardas municipais passaram a fazer a escolta dos garis escalados para remover a sujeira acumulada.

A medida foi tomada para impedir que grevistas hostilizem os garis que optaram por retornar ao trabalho.

Na terça-feira (4), Vinícius Roriz, presidente da empresa municipal, determinou a demissão de 300 funcionários que deveriam ter voltado ao trabalho no turno da noite de ontem.

Um acordo firmado entre a Comlurb e o sindicato da categoria estabeleceu um reajuste de 9% para os 15 mil garis da cidade. Após a negociação do aumento na tarde de segunda-feira, a Comlurb exigiu que os funcionários voltassem imediatamente ao trabalho.

Mesmo assim, a empresa detectou faltas de 300 garis no turno da noite de segunda-feira. Ontem, o prefeito Eduardo Paes disse que, se todos voltassem às ruas nesta quinta-feira, as demissões anunciadas seriam canceladas.

GREVISTAS QUEREM SALÁRIO DE R$ 1.200

Iniciada na última sexta-feira (28), a paralisação está sendo conduzida por um grupo de dissidentes, que reivindica aumento do salário base de R$ 800 para R$ 1.200, além do pagamento integral das horas extras nos fins de semana.

O sindicato da categoria - que negociou o reajuste de 9% com a prefeitura - não aprovou a paralisação durante o Carnaval.

Um grupo de garis, no entanto, decidiu ir contra a decisão do sindicato e planejou a interrupção dos serviços em pontos cruciais do Carnaval carioca. A estratégia foi suspender a limpeza, principalmente, em áreas que concentram atividades ligadas ao Carnaval.

O ponto mais afetado é o centro da cidade, com grande número de blocos de rua e onde está situado o sambódromo do Rio.

PASSEATA

Pelo menos 1.000 garis seguiram em passeata para a Câmara de Vereadores do Rio, na tarde desta sexta-feira, em protesto por aumento salarial. Até as 15h, nenhum representante da prefeitura apareceu para tentar uma negociação.

Os manifestantes ocupam as escadarias do Palácio Pedro Ernesto desde as 14h. Eles gritam palavras de ordem como "Ooou, o gari acordou".

Eles fazem discursos num carro de som e se preparam para seguir novamente em passeata para o Ministério Público do Trabalho. Levam cartazes com os dizeres: "Não somos lixo. O prefeito quer fazer a Copa. Os garis querem fazer as compras".


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