Folha de S. Paulo


Black bloc é agredido durante show na região central de São Paulo

Um integrante do movimento black bloc foi espancado no último sábado (25) durante o intervalo dos shows de Paulinho da Viola e Os Opalas, na praça da República, na região central da capital paulista.

As imagens, registradas pela TV Estado, mostram o rapaz sendo encurralado contra a grade de proteção e sendo agredido com chutes e socos por um grupo de homens. Um agressor bateu no rapaz com muletas até elas se partirem no meio.

A violência terminou apenas quando seguranças da festa conseguiram dispersar os agressores com um extintor de incêndio.

O jovem foi atendido na Santa Casa e encaminhado à delegacia. Na sua mochila foram encontrados um estilingue, quatro sacos de bolinhas de gude, capacete preto, um par de luvas e máscaras.

Desde os protestos de junho do ano passado, essa é a primeira imagem de um integrante do black bloc sendo agredido por um grupo de pessoas cai em conhecimento público.

A agressão teria começado depois que latas e garrafas de água foram arremessadas ao palco, dando origem a um tumulto na plateia.

O promotor de eventos Willian Santiago, presente no local, chegou a incentivar a violência depois que o conflito já havia acabado, arrancando aplausos do público.

"Demoramos muito para ter esse espaço, um espaço nosso, do black music, dos afro descendentes. Se esses caras entrarem aqui, vamos dar porrada neles. Eles não entram mais aqui, não."

Santiago disse que sua fala foi motivada por um momento de emoção e que não sabia que o rapaz havia apanhado. "Vi um bando de gente empurrando todo mundo e jogando as caixas dos ambulantes para cima, assustando crianças. Era gente querendo acabar com a festa", conta.

Santiago confessa que não sabe dizer se os jovens que chegaram tumultuando eram, de fato, black blocs. "Mas estavam de preto e alguns foram identificados depois como sendo do grupo."

Para Arruda, o conflito pode ser considerado um ato isolado. Segundo o especialista, é pouco provável que o povo passe a agredir membros do black bloc em manifestações de rua no país.

"Acredito que uma grande parte da população é contrária à tática, pela associação com a violência.
Mas a agressão contra o jovem não pode ser considerada como um padrão de comportamento."


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