Folha de S. Paulo


Copa pode criar foco mundial de dengue, afirma sanitarista

A revista britânica "Nature", publicação científica mais importante da Europa, destaca hoje um artigo do sanitarista Simon Hay, um dos maiores especialistas do mundo em dengue, dizendo que o Brasil pode se tornar um foco global de transmissão da doença em 2014.

No texto "Febre do futebol pode virar uma dose de dengue", o cientista da Universidade de Oxford afirma que três cidades-sede da Copa --Salvador, Fortaleza e Natal-- vão passar pelo pico da temporada de transmissão da doença durante o torneio.

Turistas terão orientação para evitar dengue na Copa, diz ministério

Hay, que liderou estudos globais sobre dengue, diz que a Fifa e o Brasil deveriam ser mais proativos em orientar turistas estrangeiros.

O cientista defende que uma campanha global para educação dos turistas tenha início logo, pois em 6 de dezembro o sorteio define onde as seleções vão jogar.

Muitos turistas começam a planejar suas viagens a partir daí e precisam receber informação sobre como identificar sintomas da doença e orientações para usar repelente e roupas compridas.

Editoria de Arte/Folhapress

O cientista sugere que haja reforço em ações de combate ao mosquito nessas cidades, com fumigação de inseticidas perto dos estádios.

Segundo Hay, autoridades de saúde local também precisam estar atentas para o risco de torcedores trazerem novas variedades do vírus da dengue para dentro do país.

"Certamente, com muitas pessoas chegando, existe o risco de novos tipos do parasita serem trazidos. A probabilidade de eles se estabelecerem é então relacionada à quantidade de mosquitos no local", diz o cientista à Folha. "Se o controle for intenso antes da Copa, isso iria beneficiar não só torcedores de fora, mas brasileiros também."

Segundo o infectologista brasileiro Artur Timerman, a preocupação não é exagero, e o governo precisa ser mais transparente. "Em 2013, podemos estar vivendo nosso maior surto de dengue", diz. O último levantamento federal indica que o país já teve até agora 1,46 milhão de casos relatados em 2013, com 573 mortes, índice maior que os dos três anos anteriores.


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