Folha de S. Paulo


Fotos de exposição sobre protestos são rasgadas e pichadas em SP

Fotografias de uma exposição sobre os recentes protestos em São Paulo foram pichadas e rasgadas na madrugada desta terça-feira. As imagens estavam coladas em um muro do cemitério do Araçá, na avenida Doutor Arnaldo, região central da cidade.

Nas imagens, foram escritas, a spray, frases como "Fora Comuna", "Viva a PM" e "White Block". Essa última é uma referência à tática 'black bloc' --estratégia de protesto que utiliza depredações do patrimônio público e privado.

O painel exposto no Araçá tinha 55 metros de comprimento e 26 imagens. Foi colocado no muro na manhã de domingo, sem autorização do cemitério. Era uma obra do coletivo Foto Protesto SP, composto por 26 fotógrafos profissionais.

"No nosso modo de entender, a Constituição, que dá direito à liberdade de expressão, vale mais que qualquer lei municipal de cidade limpa. A gente fez uma instalação artística e de interesse da sociedade", disse Mauricio Lima, um dos membros do grupo.

Das 26 imagens coladas no muro, apenas duas permaneceram intactas: uma mostra o rosto de um policial militar e a outra retrata um manifestante jogando um coco em uma agência bancária. "Ficamos ontem até 20h30 no cemitério, as fotos estavam inteiras", conta Nelson Antoine, fotógrafo do grupo.

"A gente suspeita que isso [pichações] foi feito por um grupo de extrema direita que tenha alguma ligação com a PM", diz Mauricio.

O Araçá foi escolhido por ser local de grande visibilidade, segundo o coletivo. Fica próximo de estações do metrô e da avenida Paulista, palco de muitos dos protestos. "A gente queria que a cidade acordasse com essas fotos", diz Mauricio.

Segundo o cemitério, as fotos seriam retiradas do local, mas não havia previsão para que isso ocorresse.

ATOS

O coletivo queria que a exposição ficasse pronta no dia 15, feriado da Proclamação da República. Não deu certo porque, um dia antes, a GCM (Guarda Civil Metropolitana) impediu a colagem e levou os fotógrafos para a delegacia.

Os outros dois atos do grupo também não deram certo. No próprio Araçá, no feriado de 7 de Setembro, as fotos foram retiradas pela equipe do cemitério. O Serviço Funerário alega que o local precisava ser preparado para o dia de Finados.

Outra tentativa, que ocorreu próximo à estação Luz, também foi proibida pela GCM há três semanas.


Endereço da página:

Links no texto: