Folha de S. Paulo


Baianos não querem sair do bairro de São Miguel Paulista

Em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, ninguém chama a praça Padre Aleixo Monteiro Mafra pelo nome -para se referir ao local, se diz "praça do Forró".

Fluxo de imigrantes na Grande São Paulo cai

O apelido do lugar é uma indicação de como a presença de imigrantes nordestinos e seus descendentes é influente na região.
Sacha Arcanjo, 63, foi para lá em 1968, quando tinha 18 anos -veio de São Gabriel, na Bahia (a 481 km de Salvador). Como tinha um irmão que estava em São Miguel, decidiu ficar.

Trabalhou na indústria e em telecomunicações, teve três filhos e nunca mais saiu do distrito.

Arcanjo diz que há uma diferença entre os baianos que vieram para cá no passado, como ele, e os seus conterrâneos que saem hoje de lá: "eles não vêm com tudo, como era na minha geração". Ele conta que os mais jovens "vêm, se profissionalizam e voltam".

Mas não são todos. José Silva dos Santos, veio de Coaraci, uma cidade de 20 mil habitantes no sul da Bahia, e diz que não pretende voltar.

Ele foi parar em São Miguel porque amigos da cidade natal já estavam morando no distrito. Ele está lá há cinco anos.
Santos conta que trabalha na construção civil e que nesse período não ficou sem serviço até hoje.

"Lá eu ficava de boca aberta, aqui aprendi a trabalhar, a andar pela cidade. O resto da minha vida eu vou passar aqui."

Editoria de Arte/Folhapress

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