O Brasil passa por uma profunda transformação demográfica. De um país que até recentemente se enxergava como uma nação de jovens, rumamos, e rapidamente, para um perfil demográfico típico de país avançado.
Isso porque a população cresce mais lentamente e envelhece rapidamente.
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São duas as causas da mudança demográfica. A primeira, e mais importante, é a queda da taxa de fecundidade. Em apenas 25 anos -de 1981 a 2006- passamos de uma média de 4 para apenas 2 filhos por mulher.
A atual taxa de fecundidade, de 1,79, é menor que a taxa de reposição populacional, de 2,1, e é menor que a taxa de países como Bélgica, Estados Unidos, Finlândia, França, Noruega e Suécia.
A esse ritmo, a população se estabilizará e, eventualmente, declinará nas próximas décadas.
A segunda causa é o aumento da esperança de vida ao nascer, que passou de 62,6 anos, em 1980, para 74 anos, em 2013. Em 1980, a esperança de vida de um americano era 17% maior que a de um brasileiro. Em 2013, a diferença caiu para apenas 7%.
Logo, a nossa expectativa de vida está convergindo para padrões de países ricos.
A população com 60 anos ou mais já corresponde a 11% da população total. Em 2030, corresponderá a quase 20%.
A transformação demográfica é uma das causas de baixa taxa de desemprego, elevação dos salários reais e mudanças no perfil e padrão de consumo nos últimos anos.
Mas as mais importantes consequências ainda estão por vir. E dentre elas estão o aumento substancial das despesas orçamentárias com previdência social, assistência social e saúde pública.
Um dos maiores desafios que nos aguarda, e que moldará o nosso futuro, é o de como responder e adaptar às mudanças demográficas, especialmente naquilo que concerne às questões fiscais.
JORGE ARBACHE é professor de economia da Universidade de Brasília e assessor econômico do BNDES.