Folha de S. Paulo


Trânsito ruim e protestos são culpados, dizem viações

As empresas de ônibus atribuem as quedas de seus índices de qualidade no último semestre a interferências no trânsito que atrapalham a circulação e até às manifestações de rua de junho.

Algumas também questionam os critérios adotados.

Qualidade piora em 13 das 19 empresas de ônibus de SP
Passageiro desiste de usar a linha de ônibus mais lotada

O SP Urbanuss, que representa as operadoras, diz haver indicadores que são afetados por fatores externos, "em que as concessionárias não têm qualquer responsabilidade, tais como trânsito caótico, acidentes e obras".

O sindicato afirma ainda que nos últimos meses a operação foi afetada "especialmente por manifestações de protesto, inclusive com atos de vandalismo".

A viação Cidade Dutra, por exemplo, afirma que dois ônibus foram incendiados e "mais de uma centena foram danificados". A frota da empresa é de 447 veículos.

A Campo Belo faz coro e diz que "100% das linhas foram afetadas pelas manifestações". "Estamos empenhados em solucionar os problemas e oferecer um transporte de qualidade, mas não há o que possamos fazer quando o assunto não é de nossa gestão."

As recentes manifestações, porém, foram concentradas principalmente na região central --e a avaliação de desempenho se refere ao período de janeiro a junho.

REORGANIZAÇÃO

A SPTrans diz que, além de implantar faixas e corredores exclusivos, a melhora da qualidade passará pela reorganização das linhas, com integrações descentralizadas.

Outra medida que está sendo implantada é a "operação controlada", em que o monitoramento via satélite dos ônibus será usado para decisões operacionais em tempo real.

"O metrô funciona bem porque a operação é toda controlada, existe um manual para cada coisa que acontece. A ideia é fazer a mesma com os ônibus", afirma a diretora de planejamento da SPTrans, Ana Odila de Paiva Souza.

As piores notas são de empresas do consórcio Leste 4: Itaquera Brasil e Ambiental.

Esta última diz que agendou reunião com a SPTrans para tratar dos critérios do índice, pois entende que tem atendido aos "aos parâmetros de qualidade estabelecidos". A empresa cita a renovação da frota, com a idade média "mais baixa do sistema", inspeções de manutenção acima da média e 95% de cumprimento de viagens.

"Portanto nos causa estranhamento nossa classificação tão baixa. Apenas poderemos nos pronunciar após esclarecermos as dúvidas", informou a empresa.

A companhia se chamava Himalaia, mas foi rebatizada há cerca de um ano, após ser assumida pelo grupo Ruas, do maior empresário do setor em São Paulo.

INFRAESTRUTURA

Já a Itaquera Brasil possui duas garagens, mas os principais problemas ocorrem nos ônibus de uma delas, na Cidade Tiradentes, no extremo leste paulistano. Ex-perueiros, os gerentes dizem que a remuneração --R$ 2,68 por passageiro-- é insuficiente, embora seja uma das mais altas de toda a cidade.

A SPTrans diz que a área do consórcio é prejudicada pela falta de infraestrutura viária e que estuda uma solução para a questão.

"É uma área problemática desde 2003, sabemos disso, mas é uma área muito importante par a cidade. Estamos fazendo um diagnóstico para elaborar um plano, intervir e resolver", diz Ana Odila.

O consórcio da Expandir e VIP diz que faltam faixas e corredores exclusivos na zona leste, onde atua.

O SP Urbanuss pondera que a nota média das concessionárias teve aumento. Passou de 66,5 para 66,7 --uma variação de 0,3%.


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