Folha de S. Paulo


Gilberto Carvalho critica 'silêncio da repressão' e defende valorização dos atos

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) criticou o "silêncio das tumbas e da repressão" e disse que o governo federal vai trabalhar para valorizar o papel dos manifestantes, que, desde semana passada, têm tomado as ruas das principais capitais do país.

O ministro disse achar "extremamente positivo" as recentes mobilizações e que o governo defenderá sempre soluções "pacíficas e negociadas, ainda que com todas as tensões".

Em comunicado, Dilma diz que 'manifestações pacíficas são legítimas'

"As mobilizações são muito bem vindas. Esses jovens têm alguma a coisa a nos dizer. Esse jovens nos apontam angústia, e se alcançam grande repercussão de mobilização é porque representam o anseio de muita gente", afirmou o ministro, em entrevista no fim da tarde desta segunda-feira, no Palácio do Planalto. "E disse para a presidente Dilma: o duro é o silêncio das tumbas, é o silêncio da repressão. Nós não vamos caminhar por essa vertente, nós vamos caminhar por uma vertente que valorize essa mobilização."

Ainda assim, Gilberto Carvalho disse que o governo está preocupado com as manifestações e que vem mantendo diálogo com os governos onde as manifestações são mais fortes, inclusive com o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

O ministro evitou fazer uma análise do comportamento da Polícia Militar na repressão aos protestos realizados no úitimo sábado (15), durante a abertura da Copa das Confederações.

"Eu não vou avaliar tecnicamente a ação da polícia militar. Cabe ao governo do DF fazer essa avaliação, punir eventualmente excessos. Seria irresponsável eu entrar nessa análise", disse.

JOSÉ EDUARDO CARDOZO

Questionado sobre as declarações do colega de partido e de Esplanada José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, que afirmou que houve abusos policiais nas manifestações em São Paulo, Carvalho elevou o tom para buscar desvincular qualquer declaração dada pelo ministro a uma eventual pré-candidatura ao governo de São Paulo.

"O Cardozo não é, definitivamente, escrevam isso, por favor, candidato a governador de São Paulo. Ele é ministro da Justiça, e age exclusivamente pela lógica do ministro da Justiça. Essa politização é péssima. Ele está no papel dele [ao analisar a ação da polícia]. Ele é o ministro da Justiça. Eu sou o ministro da Secretaria Geral, do diálogo", afirmou.

Antes disso, Gilberto Carvalho já havia criticado eventuais tentativas de capitalização política das manifestações.

"É bom que ninguém se precipite em tirar proveito político disso, de um lado e de outro. Porque eu acho que a coisa é um pouco mais complexa, e diz respeito a um novo tipo de expressão democrática que o país começa a viver", disse.

SÃO PAULO

Na capital paulista, a Polícia Militar aponta cerca de 30 mil pessoas no protesto que se concentrou no largo da Batata, na região de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. O Datafolha, no entanto, aponta que o número é de aproximadamente 65 mil pessoas.

Após a concentração no largo da Batata, o movimento decidiram dividiu dividir a passeata em dois grupos. Uma parte foi pela av. Rebouças sentido marginal Pinheiros, e outra pela av. Faria Lima. Inicialmente, um grupo liderado pelo partido PSTU disse que seguiria em direção à avenida Paulista, mas desistiu do trajeto.

As últimas manifestações do grupo foram marcadas por confrontos com a Polícia Militar. O último caso ocorreu na quinta-feira (13), quando houve confusão na rua da Consolação, na região central. Segundo organizadores, ao menos cem pessoas ficaram feridas e mais de 200 foram detidas. Dentre jornalistas, houve 15 feridos, sendo sete da Folha.

Para esta segunda-feira, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que a Polícia Militar não usará balas de borracha contra os manifestantes. "Nós acreditamos em uma manifestação pacífica e organizada, em que a polícia vai apenas ordenar para que ela aconteça", disse ontem (16) o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira.


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