Folha de S. Paulo


Promotoria denuncia sete após mortes durante ressonância em SP

O Ministério Público de São Paulo denunciou nesta sexta-feira quatro pessoas pela morte de três pacientes durante um exame de ressonância magnético. As mortes ocorreram no Hospital Vera Cruz, em Campinas (a 93 km de São Paulo), em janeiro deste ano.

Os médicos José Luiz Cury Marins, Adilson Prado, Patrícia Prando Cardia e Marcos Marins são acusados de homicídio culposo (sem intenção de matar), assim como a enfermeira Elaine Rosa Macedo dos Reis e os auxiliares de enfermagem Laurinda Rosa Venância e Carlos Augusto Moises.

Segundo a Promotoria, as mortes ocorreram porque uma auxiliar de enfermagem recém-contratada preparou, por engano, uma substância industrial (perfluorocarbono) para injetar nos pacientes no lugar do soro. O produto estava guardado numa bolsa de soro reutilizada e sem identificação.

Com isso, o Ministério Público aponta que houve "imprudência e negligência" dos responsáveis pelo armazenamento do produto de forma incorreta e sem identificação e pela falta de instrução e acompanhamento aos auxiliares de enfermagem.

Os médicos e a enfermeira deverão responder também pelo crime de fraude processual. Segundo a acusação, eles tentaram descartar as embalagens de soro fisiológico que continham perfluorocarbono, assim como as seringas usadas para aplicar a substância nos pacientes e, dessa forma, ocultar a verdadeira causa da morte.

Os advogados dos acusados não foram localizados. O advogado Ralph Tórtima Stettinger, da RMC --empresa responsável pelas ressonâncias dentro do hospital-- disse após o término do inquérito policial que o erro "pode ter sido da enfermagem", que era responsável por conferir os produtos utilizados. A defesa disse ainda que não havia produtos "misturados em um mesmo lugar".

Os médicos Adilson Prando e José Luiz Cury Marins são donos da RMC.

MORTES

As três vítimas --Mayra Monteiro, 25, Pedro Ribeiro Porto Filho, 36, e Manoel Pereira de Souza, 39-- sentiram formigamento após os exames de ressonância magnética e morreram no hospital cerca de 30 minutos depois.

Segundo laudos divulgados em abril, as mortes ocorreram por embolia gasosa (formação de bolhas no sangue), causada pelo perfluorocarbono injetado por engano.

Após as mortes, ocorridas em janeiro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) emitiu alerta nacional para lotes de soros e contrastes usados nos exames. Alguns desses produtos chegaram a ser recolhidos. Só depois ficou claro que as mortes decorreram de uma falha humana.


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