Folha de S. Paulo


Três médicos são presos no PR após morte de pacientes em UTI

Três pessoas que trabalhavam na equipe da médica Virgínia Souza, suspeita de provocar a morte de pacientes na UTI do Hospital Universitário Evangélico, em Curitiba, foram presas na manhã deste sábado (23). Uma enfermeira ainda é procurada pela Polícia Civil.

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Os anestesistas Maria Israela Boccato e Edison Anselmo da Silva Júnior foram detidos em casa e levados para delegacia do Nucrisa (Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde). O anestesista Anderson de Freitas, que estava em Florianópolis, se apresentou à polícia por volta das 12h.

De acordo com advogados que atuam no caso, a defesa da enfermeira que ainda não foi presa já fez contato com a polícia e avisou que ela também irá se apresentar.

As informações foram passadas pelas defesas dos suspeitos. A polícia não divulgou o nome dos presos porque o caso está sob sigilo.

Segundo a Polícia Civil, a Justiça concedeu os mandados de prisão temporária por 30 dias na noite de sexta-feira (22). Além disso, a prisão temporária de Virgínia foi convertida em prisão preventiva.

Os mandados de prisão começaram a ser cumpridos por volta das 6h deste sábado.

Em nota, a polícia informou ainda que, segundo a delegada do Nucrisa, Paula Brisola, foi descoberto que Virgínia atuava como diretora da UTI mas não é intensivista. Por isso, quem assinava os documentos por ela como chefe da UTI era outro médico.

Henry Milleo/Gazeta do Povo/Folhapress
A médica Virginia Helena Soares de Souza, medica chefe da UTI do hospital Evangélico, foi presa pela Polícia Civil
A médica Virgínia Helena Soares de Souza, médica chefe da UTI do hospital Evangélico, foi presa pela Polícia Civil

OUTRO LADO

As defesas dos suspeitos afirmam que não tiveram acesso aos decretos de prisão preventiva nem ao inquérito policial. Por isso, ainda não sabem se há acusações contra eles ou se foram detidos apenas para prestarem esclarecimentos sobre a investigação.

Por esse motivo, os suspeitos foram orientados pelos advogados a não falarem durante o depoimento.

Para o advogado Elias Mattar Assad, que representa Virgínia e está atuando também na defesa dos outros suspeitos, as novas prisões foram apenas uma forma de desqualificação de testemunhas que poderiam depor em favor dela.

A médica está presa desde a última terça-feira (19) sob suspeita de cometer homicídios qualificados. Segundo a polícia, há indícios de que pacientes do SUS tenham sido mortos para "liberar" vagas para outros que pagariam pelo serviço. Ela nega as acusações.

HOSPITAL

Durante a tarde, a Secretaria de Saúde de Curitiba divulgou nota em seu site informando que o atendimento na UTI do Hospital está garantido.

A secretaria também procurou tranquilizar os parentes de pacientes da unidade. "Com a força-tarefa médica que assumiu temporariamente a UTI geral, os pacientes internados e seus familiares têm a tranquilidade de que todos os protocolos estão sendo cumpridos, sob acompanhamento do médico observador designado pelo município, o ortopedista e traumatologista Luiz Carlos Sobania", diz o comunicado.

A pasta afirmou também que apoia a investigação policial e diz que começou uma sindicância em parceria com o Conselho Regional de Medicina e da Secretaria Estadual de Saúde.


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