Folha de S. Paulo


Defesa orienta Gil Rugai a não responder perguntas do promotor

O advogado de defesa de Gil Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta em março de 2004, instruiu o réu a não responder mais nenhuma pergunta feita pelo promotor Rogério Leão Zagallo. Ele interrompeu as perguntas após ser questionado pela acusação sobre pessoas que ele conhecia.

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A defesa argumentou que a promotoria estava usando o interrogatório do réu para fazer seu discurso, que deveria ser feito durante o debate, no fim do julgamento. "Você está sendo usado para que a promotoria, antes do momento adequado, faça seu discurso", disse o advogado Marcelo Feller ao seu cliente.

Já o promotor afirmou que mesmo com o silêncio do réu continuaria fazendo as perguntas, o que gerou polêmica no plenário entre acusação e defesa. Zagallo alegou que não há nenhum artigo na constituição que o impeça de continuar o interrogatório e lembrou que o réu já ficou em silêncio em audiências anteriores.

O juiz chegou a informar a Zagallo que ele não poderia fazer mais perguntas, mas voltou atrás e o autorizou desde que elas fossem feitas de forma objetivas. Quando ele retomou as perguntas, Gil Rugai interrompeu a audiência ao pedir para ir ao banheiro e pausou o interrogatório às 18h25.

Feller parou o interrogatório duas vezes para dizer que os questionamentos da promotoria estavam sendo feitos de forma incorreta. Ele ainda se levantou da mesa onde ficam os advogados para conversar com o juiz.

DIA DO CRIME

Antes do interrogatório ser interrompido, Gil Rugai disse que no dia do crime, 28 de março de 2004, ele ficou na casa de uma amiga, identificada apenas como Folha, até as 21h. Após sair de lá, ele foi ao shopping Frei Caneca para assistir a uma sessão de cinema por volta das 21h30, mas desistiu ao ver que a fila estava grande demais.

Ele disse ter ido à KTM Comunicação --empresa de Gil Rugai-- e que entregou as roupas que usava para a empregada responsável por fazer a limpeza da empresa para que ela as lavasse porque estavam molhadas. Ele afirmou ter ligado para uma amiga para jantar em uma cantina da região.

De acordo com o réu, a amiga chegou de carro à empresa para buscá-lo por volta das 20h30. Ele foi dormir na casa da mãe e só soube do crime no dia seguinte.

DEPOIMENTO

O interrogatório de Gil Rugai começou às 15h47 desta quinta-feira (21). Até as 17h13, quando ocorreu o primeiro intervalo, o réu usou todo o tempo para tentar provar sua inocência e desfazer indícios usados para acusá-lo.

Ao ser questionado pelo juiz do caso, Adilson Paukoski Simoni, Gil afirmou que não tinha nada contra nenhuma das testemunhas ouvidas. Entretanto, o réu disse que não entendeu porque o vigia Domingos falou ter o avistado no dia do crime. "Sou contra ele mentir que me viu".

Segundo Rugai, o delegado Rodolfo Chiareli não foi muito gentil durante os depoimentos. "[O delegado] não é o tipo de pessoa que eu gostaria de conhecer. Não tive boas experiências com ele", afirmou.

O réu ainda negou possuir armas de fogo, apenas coldres --suportes para prendê-las junto ao corpo. Ele disse que comprou o objeto para guardar armas de chumbinho, que ganhava do pai desde a infância.


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