Folha de S. Paulo


Nove anos após crime, Gil Rugai volta a dizer que não matou o pai

O interrogatório de Gil Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta em março de 2004, começou às 15h47 desta quinta-feira (21). Até as 17h13, quando ocorreu o primeiro intervalo, o réu usou todo o tempo para tentar provar sua inocência e desfazer indícios usados para acusá-lo.

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Ao ser questionado pelo juiz do caso, Adilson Paukoski Simoni, Gil afirmou que não tinha nada contra nenhuma das testemunhas ouvidas. Entretanto, o réu disse que não entendeu porque o vigia Domingos falou ter o avistado no dia do crime. "Sou contra ele mentir que me viu".

Segundo Rugai, o delegado Rodolfo Chiareli não foi muito gentil durante os depoimentos. "[O delegado] não é o tipo de pessoa que eu gostaria de conhecer. Não tive boas experiências com ele", afirmou.

O réu ainda disse que estudou teologia por dois anos, direito por outros dois anos e meio, e matemática, por um ano, mas que nunca foi seminarista. Afirmou ter estudado grego, latim, espanhol na escola e consegue ler artigos e pequenos livros em inglês.

ARMAS

O réu negou possuir armas de fogo, apenas coldres --suportes para prendê-las junto ao corpo. Ele disse que comprou o objeto para guardar armas de chumbinho, que ganhava do pai desde a infância.

Rugai contou ter encostado em armas de fogo apenas duas vezes. Uma delas quando segurou uma espingarda calibre 12 que o pai deixava em um barco e outra durante um curso de tiro, que durou um dia.

"PAPAI"

Na maioria das vezes, Gil Rugai usou o termo "papai" ao citar a vítima Luis Carlos Rugai. Ao chamar a outra vítima, Alessandra de Fátima Troitino, de "Lele", foi chamado a atenção para que a chamasse pelo nome completo, não por apelidos.

O réu disse que ainda trabalhava com o pai no dia do crime. Ele disse ter sido demitido diversas vezes da, mas nunca por suspeitas de desvios financeiros. Segundo ele, a última vez que deixou a empresa foi em janeiro de 2004, cerca de três meses antes do casal ser morto.

Rugai confirmou ter copiado a assinatura do pai diversas vezes em cheque em branco para pagar contas e impostos da empresa. Todas essas transações haviam sido autorizadas pelo empresário.

LESÃO

Sobre uma lesão detectada no pé direito, comprovada por um exame de ressonância magnética, Rugai afirmou que pode ter sido causada por saltos que dava de cima de uma beliche no período em que foi preso. A acusação aponta que o ferimento teria sido causado quando o réu usou o pé para arrombar do quarto da casa onde estavam as vítimas.

Ele disse que não sentia a dor, apenas um "desconforto" quando pulava do local onde dormia.

Colaborou MARINA GAMA


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