Folha de S. Paulo


Arma de Gil Rugai sumiu após o crime, diz ex-sócio de réu

O julgamento de Gil Rugai foi retomado nesta quinta-feira com o depoimento do ex-sócio de Gil Rugai, Rudi Otto Kretschmar. Ele contou que a arma que ele havia visto na pasta de couro do réu sumiu logo após o crime.

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Gil é acusado de matar o pai Luis Carlos Rugai, 40, e a madrasta Alessandra Troitino, 33, na casa onde moravam em Perdizes (zona oeste de SP). Segundo o ex-sócio, ao saber do crime, ele foi até a empresa para ver se a arma estava lá.

Durante o julgamento, ele disse que revirou a empresa e a gaveta onde Gil costumava guardar a arma, mas nada foi encontrado.

O ex-sócio disse que não chegou a segurar a arma nem sabia se ela era verdadeira. Além da pistola, ele afirmou ter visto duas facas, uma estrela ninja, dólares e papéis com entorpecentes dentro de uma "mala de fuga" de Gil.

A testemunha disse que chegou a perguntar o motivo de Gil ter uma arma, mas ele não se aprofundou no assunto porque foi uma "situação desconfortável" saber que o amigo possuía uma pistola. Segundo ele, o ex-sócio falou que o armamento era para a segurança dele.

Kretschmar respondeu na maior parte das perguntas que não se recordava de detalhes devido ao longo tempo em que ocorreu o crime. O casal foi morto em março de 2004. A testemunha, porém, afirmou que são verdadeiras todas as informações ditas por ele à polícia na época do crime.

Segundo ele, a maneira como foi abordado durante o depoimento policial foi um pouco diferente do normal, mas disse que não foi coagido pelo delegado do caso, Rodolfo Chiarelli.

Em depoimento à polícia, o ex-sócio disse que Gil estava estranho na semana anterior ao crime, mostrando estar pensativo e introspectivo.

AMEAÇAS

O ex-sócio disse ter recebido uma ameaça pela secretária eletrônica após prestar depoimento à polícia. "Era uma linguagem de ladrão, ameaçadora", disse. Segundo o depoimento dele à polícia, a mensagem dizia "ae, fala pro Rudi aí ficar ligeiro que o próximo é ele. O mano que tá atrás do bagulho tá atrás de você também".

A testemunha disse que não havia sofrido nenhuma ameaça anteriormente.

De acordo com a testemunha, Gil não tinha a menor afinidade com o pai e tinha um relacionamento conturbado com ele. Ele disse ainda que o réu costumava falar que o pai "queria dominar o mundo". Ele lembrou que Gil Rugai disse que foi afastado da empresa do pai antes do crime.

A testemunha afirmou ainda que Gil não guardava roupas na empresa deles e que o réu afirmou ter ido ao local após visitar uma amiga no dia do crime. A versão informada pela defesa é que o réu tinha ido a um shopping antes de ir à empresa.

Além do ex-sócio, devem ser ouvidos hoje o motorista de um vizinho do pai de Gil Rugai, Francisco Luiz Valério Alves. Foi o patrão dele quem ligou para o vigia da rua após ouvir os tiros na casa do empresário. Também será ouvido hoje Fabrício Silva dos Santos, outro vigia que trabalhava na rua onde o casal foi morto.

Para a Promotoria, Gil matou o casal após ser pressionado a confessar um desviado dinheiro da empresa do pai. Gil chegou a ficar dois anos preso pelo crime e agora responde ao processo em liberdade.

Ontem (20), o julgamento foi encerrado à noite com o depoimento do irmão do réu, Léo Rugai. Ele disse que acredita na inocência do irmão e abraçou o réu ainda no plenário.

O juiz pretende ouvir Gil Rugai hoje. Segundo o juiz, existe a possibilidade de o julgamento se estender até sábado (23). A expectativa inicial era de que a decisão dos jurados sairia amanhã (22).


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