Folha de S. Paulo


Análise: Defesa de Rugai tenta desconstruir credibilidade de prova

Todos que estão acompanhando mais atentamente o julgamento do caso Gil Rugai estão percebendo o quanto o princípio do contraditório é relevante para a descoberta da verdade processual.

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Tudo que é afirmado no plenário do júri por uma parte acaba sendo contraditado, posto em dúvida, pela outra.

Ontem, duas testemunhas de acusação foram ouvidas: um instrutor de voo, que confirmou que a vítima Luiz Carlos Rugai, morto aos 40 anos e pai de Gil, foi ameaçada pelo próprio filho; e o delegado de polícia, que conduziu as investigações, manifestando sua convicção de que Gil foi o autor dos assassinatos --do pai dele e da madrasta.

As provas colhidas até este momento são incriminatórias. A defesa vem procurando desconstruir a credibilidade delas e chegou, inclusive, a evidenciar falhas --supostamente gritantes-- em um laudo feito pela perícia.

Se os jurados tivessem que julgar o caso imediatamente, após as falas de acusação, muito provavelmente condenariam o réu, em razão dos vários indícios existentes no processo e listados no júri.

Mas hoje começam as provas da defesa e esse quadro, desfavorável ao réu, pode sofrer profunda alteração.
A Justiça tem como símbolo uma deusa de olhos vendados, que segura em uma das mãos a balança grega de dois pratos. O significado disso é que sempre devem ser ouvidas as duas partes.

Os jurados formarão convicções a partir das versões apresentadas, sobretudo no momento culminante dos debates orais.

O réu Gil Rugai pode ser condenado por provas indiciárias --mas, se houver dúvida, ele será favorecido.

LUIZ FLAVIO GOMES, 55, jurista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil.


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