Folha de S. Paulo


Acaba 2º dia de júri de Gil Rugai; perito contradiz investigação

A última testemunha ouvida no segundo dia de julgamento de Gil Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta em março de 2004, foi o perito especialista em crimes contra a vida Alberi Espíndola. Em seu depoimento ele contestou a versão da polícia que teria registrado o réu após o crime.

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Ele foi a última testemunha a ser ouvida na sessão desta terça-feira. Na quarta, o julgamento será retomado no fórum da Barra Funda, na zona oeste da capital paulista. Outras oito testemunhas de defesa e duas comuns ainda deverão prestar depoimento antes que o júri decida se Gil é culpado ou inocente.

O perito disse que seria possível recuperar imagens até 30 dias depois delas serem apagadas de um HD. Essa informação contesta a versão da polícia de que o vídeo de um shopping para onde Gil Rugai teria ido após o crime não poderia ser obtido porque havia sido apagado e outra gravação feita por cima.

Essas imagens foram solicitadas ao shopping duas semanas após o crime e não foram apreendidas.

O perito, formado em contabilidade, ainda afirmou que a perícia contábil para apurar os desvios e movimentações da empresa do empresário assassinado Luis Carlos Rugai foi incompleta.

O perito disse que a afirmação da polícia de que a guarita onde o guarda que disse ter visto Gil Rugai sair da casa onde as vítimas foram mortas foi queimada e não poderia ser periciada não existe. Para ele, seria possível até mesmo identificar o autor do incêndio, dependendo das provas colhidas.

Por fim, o perito quis mostrar que a porta que dá acesso à sala da casa onde ocorreu o crime foi arrombada após os assassinatos. Entretanto, a defesa não informou a intenção de reforçar neste ponto.

OUTROS DEPOIMENTOS

Também foram ouvidos hoje as duas últimas testemunhas de acusação, o instrutor de voo Alberto Bazaia Neto e o delegado Rodolfo Chiarelli, que presidiu o inquérito que investigou o caso.

Neto disse que seu aluno, Luis Carlos Rugai, contou que havia expulso o filho de casa após descobrir que ele havia desviado dinheiro da empresa dele. A conversa teria ocorrido no dia 24 de março de 2004. O empresário e a mulher foram mortos quatro dias depois. A descoberta do desvio de dinheiro da empresa, segundo a acusação, teria motivado o réu a cometer o crime.

Na vez da defesa interrogar a testemunha, os advogados do ex-seminarista Gil Rugai insinuaram que o assassinato teria associação com o narcotráfico. Marcelo Feller, advogado de defesa, afirmou que o local onde o instrutor de voo trabalha foi considerado pela CPI do narcotráfico como um "dos grandes pontos de entrada e distribuição de drogas no país".

Em seguida, o delegado Rodolfo Chiarelli afirmou em seu depoimento que todas as provas comprovam que o ex-seminarista é o culpado pelas mortes. Ele ainda disse que em nenhum momento da investigação apareceram outros suspeitos ou outra linha a ser investigada e citou as provas coletadas pela polícia.

Os advogados de defesa de Gil Rugai tentaram desviar o foco do réu e apontar falhas na investigação do delegado responsável pela investigação do caso, Rodolfo Chiareli. Ele foi a última testemunha de acusação ouvida durante o julgamento.

O depoimento foi o mais longo do julgamento até então e durou cerca de seis horas, incluindo os minutos em que foi paralisado após um jurado passar mal. A defesa usou vídeos, fotos e desenhos para ilustrar seus argumentos.

Ontem foram ouvidos o vigilante Domingos Ramos Oliveira de Andrade, que trabalhava na rua onde morava o pai de Rugai, o médico Romero Munhoz e o perito criminal Adriano Issamu Yonamine.

Domingos confirmou ter visto o ex-seminarista saindo da casa no dia do crime com outra pessoa, que ele não conseguiu identificar.

Durante o julgamento, o advogado da defesa Thiago Anastácio tentou apontar as fragilidades dos depoimentos dados por Domingos à polícia e no plenário. Para a defesa, os relatos destoantes tiram a legitimidade dos laudos da perícia, que se basearam no depoimento do vigia, considerado testemunha chave da acusação.

Editoria de Arte/Folhapress
Inocente ou culpado? GIL RUGAI 17/02

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