Folha de S. Paulo


Defesa tira foco de Gil Rugai e aponta 'falhas' na investigação

Os advogados de defesa de Gil Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta em março de 2004, tentaram desviar o foco do réu e apontar falhas na investigação do delegado responsável pela investigação do caso, Rodolfo Chiareli. Ele foi a última testemunha de acusação ouvida durante o julgamento. Em seguida serão ouvidas as nove testemunhas de defesa.

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O depoimento do delegado foi o mais longo do julgamento até então e durou cerca de seis horas, incluindo os minutos em que foi paralisado após um jurado passar mal. A defesa usou vídeos, fotos e desenhos para ilustrar seus argumentos.

Um dos pontos questionados pelos advogados de Gil Rugai ao delegado na tarde desta terça-feira (19), foi o curto espaço de tempo entre o crime e as ações de Gil até o registro de uma ligação feita por ele, em um espaço de cerca de 20 minutos. A defesa afirma que é impossível o réu ter feito o trajeto de cerca de 4,5 km, ter dispensado a arma do crime, conversado com uma funcionária no prédio, trocado de roupa e feito a ligação.

Um vídeo feito para um trabalho escolar sobre nazismo também foi exibido pela defesa para mostrar que Gil estudou sobre o assunto didaticamente. A polícia havia apreendido materiais relacionados ao nazismo na casa do réu. A intenção da defesa é desmistificar a imagem monstro e simpatizante do nazismo atribuída a Gil.

A defesa também quis demonstrar que Gil Rugai havia sido substituído do comando financeiro da empresa do pai por outra funcionária, período quando teria ocorrido desvios de dinheiro. Segundo o instrutor de voo do pai dele, essa fraude foi a causa de uma discussão entre Gil e o pai dias antes do assassinato. O delegado contestou a afirmação dizendo que mesmo fora do cargo, o acusado tinha acesso à empresa.

Os advogados disseram que as roupas e calçados de Gil Rugai foram analisados e que nenhum vestígio de sangue foi encontrado. Eles mostraram fotos da cena do crime para tentar comprovar que era impossível o bandido sair da casa onde ocorreu o crime sem se sujar. O delegado disse que era possível passar pela lateral dos corpos ou por cima deles.

A defesa mostrou fotos que não estavam anexadas ao processo de investigação para mostrar que havia outras possíveis rotas de entrada para o suspeito, além de manchas nas grades que dividem o terreno da casa. Os advogados de Rugai tentaram demonstrar que uma pessoa que não tinha a senha do portão da casa ou as chaves também poderia acessar o local e que essas marcas podem ser pegadas deixadas pelo assassino, que não foram inspecionadas.

Outro ponto citado pelos advogados é que o delegado não solicitou exame pericial no local onde foi achada a arma do crime, um condomínio onde fica o escritório de Gil Rugai.

Colaborou TALITA BEDINELLI

Editoria de Arte/Folhapress
Inocente ou culpado? GIL RUGAI 17/02

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