Folha de S. Paulo


Rio dá início a internação involuntária de dependentes; 99 são retirados da rua

Ao menos 99 usuários de crack foram acolhidos na madrugada desta terça-feira por agentes da Prefeitura do Rio, na entrada da comunidade Nova Holanda, no Complexo da Maré, maior conjunto de favelas do Estado. A operação inicia a nova fase no combate ao uso da droga com o processo de internação involuntária de adultos.

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Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social, dos 99 usuários acolhidos, oito são crianças e adolescentes e duas mulheres estavam grávidas. Para realizar a ação, agentes da prefeitura fecharam durante meia hora a avenida Brasil, uma das principais vias expressas do Rio, em ambos os sentidos, por volta das 2h30.

Houve corre-corre, gritaria e até barricadas foram montadas pelos usuários na tentativa de impedir o trabalho dos agentes municipais. Um grupo colocou fogo em um sofá que estava no local. Não há informações de feridos.

Nos dependentes abordados, 30 passaram por avaliação médica e foram internados involuntariamente em quatro hospitais da cidade: Hospital Evandro Freire, na zona norte, Hospital Ronaldo Gazolla, também na zona norte, Hospital dos Servidores do Estado, no centro, e Hospital Federal da Lagoa, na zona sul.

Outros 30 foram internados voluntariamente e 39 foram encaminhados a dois abrigos da cidade, onde passarão por uma nova triagem e avaliação médica.

Durante a ação dos agentes municipais, uma mulher passou mal após ter insuficiência respiratória e foi levada para o Hospital Evandro Freire, na Ilha do Governador, zona norte.

TIROTEIO

Antes da chegada da Secretaria de Assistência Social, policiais militares do Batalhão de Choque e do Bope (Batalhão de Operações Especiais) realizaram uma operação na Maré.

Segundo moradores locais, houve troca de tiros e dois policiais do Bope ficaram feridos por estilhaços. A PM ainda não informou se houve prisões ou apreensões.

Guardas municipais e funcionários da Comlurb, a companhia de limpeza pública da cidade, também participaram da ação. Muitos usuários foram acolhidos em meio a amontoados de lixo. A polícia precisou arremessar uma bomba de efeito moral para afastá-los do local.

Funcionários da Secretaria de Ordem Pública distribuíram pneus no ponto usado para o consumo de crack. O lugar também ganhou nova iluminação. Holofotes foram posicionados na direção da calçada que os usuários frequentam desde o final do ano passado.

A internação compulsória de usuários de crack adultos - anunciada em outubro de 2012 pelo prefeito Eduardo Paes - divide opiniões já que a legislação diz que uma pessoa só pode ser internada se for provado que ela é incapaz de tomar decisões. A prefeitura informou que vai divulgar numa coletiva de imprensa, às 10h, detalhes da nova medida e os nomes das unidades de saúde que irão abrigar esses usuários acolhidos.


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