Folha de S. Paulo


Casal comemorava empregos em Santa Maria (RS); só ela sobreviveu

"No último momento que o vi ele brincou: 'tá pegando fogo, vamos sair', meio de deboche. Mas depois só veio escuridão e eu já fiquei tonta", conta a estudante Débora Mello da Silva, 23, que teve o namorado morto no incêndio.

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Emerson Cardozo, 25, faria aniversário na próxima quinta-feira. O casal era de Santa Maria mesmo e namorava havia três anos.

Os dois haviam saído para comemorar o emprego novo de ambos, como atendentes em uma pizzaria da cidade.

Arquivo pessoal
Emerson, que morreu no local, e a namorada, Débora
Emerson, que morreu no local, e a namorada, Débora

"Ele disse que seria a festa em que ele pagaria tudo, e ele estava muito feliz com isso."

Débora, estudante de administração em uma faculdade particular, relata que os dois estavam no fundo da
boate e que só viu uma fumaça começar a surgir.

Logo se agrupou a pessoas que estavam próximas e foi puxada para a direção da porta. Sem Emerson.

"A gente não estava de mãos dadas, como a gente sempre andava. Nem sei se resolveria, porque era uma saída só. Teve gente pisoteada. Eu mesma fiquei em cima de um monte de gente."

BANHEIRO

Emerson morreu no banheiro, com mais 60 pessoas, conta a jovem.

"Fiquei mais de uma hora na porta [da casa noturna] o procurando e gritando por ele. Essa foi a pior festa da minha vida!"

Débora diz que nunca pensou que uma "coisa ridícula dessas" fosse acontecer numa boate do tamanho da Kiss.

"Ainda não caiu a ficha. Já o vi morto, mas ainda não acredito. Não sei o que espero a partir de agora. A gente brigava, ficava meses separado, mas ele estava aqui. Agora, separou de vez." (REYNALDO TUROLLO JR.)


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