Folha de S. Paulo


Dono de rede famosa de hot dog xinga cliente que criticou decoração

Leka Peres/Arquivo Pessoal
Fotos das placas da lanchonete Dog Haus, no Itaim, tiradas pela jornalista Leka Peres
Fotos das placas da lanchonete Dog Haus, no Itaim, tiradas pela jornalista Leka Peres

"A The Dog Haüs tem o melhor hot dog de São Paulo e o atendimento é incrível. Mas eles acham que machismo é piada, apesar de que quando estive lá mais da metade das pessoas era mulher, muito triste. Vocês podem ser melhor que isso, por enquanto perderam uma cliente."

Esse comentário, acompanhado por duas fotos, publicado na semana passada pela jornalista Leka Peres em seu perfil no Facebook acabou provocando xingamentos de um dos donos da rede de cachorros-quentes The Dog Haüs, que tem duas unidades em São Paulo.

Peres se referia a duas placas penduradas no estabelecimento, uma que dizia "no shirt, free drinks" (sem camiseta: drinques de graça) ao lado do desenho de uma mulher, e outra que estabelecia os preços de uma resposta da lanchonete caso "alguma namorada ou esposa ligar perguntando por você".

"Na primeira vez que fui, fiquei incomodada com a placa com a tabela de preços. Mas acabei voltando lá, porque, infelizmente, eu realmente gostava do cachorro-quente. Foi quando vi a segunda placa e percebi que havia uma questão machista ali mesmo", contou à Folha.

Passaram-se dias até que Peres tivesse resposta da Dog Haüs, que publicou em sua página no Facebook (agora fora do ar): "Caramba Qt [sic] gente infeliz nesse mundo, isso é decoração, bando de babaca, aqui repaeotos [sic] a todos, ficou ofendido??? Come HotDog em outro pico [sic]".

Reprodução
Texto publicado na página oficial da The Dog Haüs em resposta à postagem de Leka Peres
Texto publicado na página oficial da The Dog Haüs em resposta à postagem de Leka Peres

A partir daí, o caso tomou novas proporções nas redes sociais. Segundo Peres, ela começou a receber mensagens privadas de um dos sócios do estabelecimento dizendo que a placa havia sido dada de presente e era apenas um elemento decorativo, uma brincadeira.

"Sugeri que ele repensasse a decoração, que a casa era legal e que tinha boas referências, mas que a piada era sem graça e ofensiva para as mulheres", contou a cliente.

Reproduções da conversa, postados no perfil da jornalista e enviados à Folha por ela, mostram o empresário dizendo, entre outras coisas: "vai colar velcro", "vai se f.", "p. de quinta" e "sapatão do c." (nas mensagens os palavrões não estavam abreviados).

A página da lanchonete no Facebok foi tirada do ar, mas continuou recebendo dezenas de comentários durante o dia, como "restaurante de homofóbico. Não vou visitar nunca. Espero que vá à falência", ou "melhor comer hot dog 'em outro pico'".

Peres diz que está em contato com um advogado: "Vou fazer tudo que estiver na minha alçada para isso não ficar impune", afirmou.

Até a publicação deste texto, o Dog Haüs não pôde ser contatado. Nenhuma das unidades atendeu aos inúmeros telefonemas feitos entre 15h e 17h e os sócios Rafael, Bruno e Shemuel Shoel não responderam às tentativas de contato via redes sociais.

Em posicionamento oficial enviado à revista "Época", a empresa lamentou o ocorrido e disse estar "tomando as devidas providencias internas em relação ao ocorrido, para que tais fatos não ocorram novamente". Sobre a placa, que afirmam já ter sido retirada, escrevem: "Nada mais era que uma brincadeira, sem nenhum cunho preconceituoso ou machista".


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