Folha de S. Paulo


Documentário conta a história do movimento "slow food"

"Uma ideia nascida entre quatro amigos em um bar". 'Slow Food Story', documentário sobre este movimento eco-gastronômico, surgido em uma cidade do norte da Itália, antes de ganhar dimensão internacional, será lançado em 30 de maio na península antes de sua distribuição ao exterior.

O filme, apresentado no último Festival de Berlim, conta a história desta que inicialmente era apenas uma associação de gourmets (Arcigola), surgida em 1986 em Bra, no Piemonte. Em 1989, transformou-se sob o nome de "Slow Food" (comida lenta), em oposição ao "fast food" (comida rápida), gerando um movimento presente em 150 países, apoiado por personalidades como o príncipe Charles.

Dirigido por Stefano Sardo, o documentário "conta uma história da província italiana, de uma cidade pequena que liberou uma energia, ideias, uma criatividade que, sem dúvida, não poderia ter se desenvolvido em uma cidade grande", explicou durante a apresentação do filme à imprensa o fundador do movimento, Carlo Petrini, apelidado de "Carlin".

Giuseppe Cacace/AFP
Carlo Petrini, fundador do Slow Food International
Carlo Petrini, fundador do Slow Food International

Às vezes apresentado no site Slow Food como um tipo de caixeiro viajante da gastronomia, Carlin é o protagonista do filme, que mostra um grupo divertido de companheiros, meio hippies, amantes de festas e da boa mesa.

Através de testemunhos, imagens de arquivos, entrevistas com amigos de infância e outras reportagens no salão de alimentação organizado a cada dois anos em Turim, o filme refaz sua trajetória, que começa com a extrema-esquerda, com a criação de uma rádio livre e o resgate atualizado de antigas tradições rurais.

Nos anos 1980, a crise do metanol no vinho piemontês, que arruinou a economia local e provocou 30 mortes, representaram uma virada para Carlin e seus amigos.

Entre jantares e noitadas, eles fundaram uma associação para defender o vinho piemontês Barolo e escreveram para o suplemento gastronômico Gambero Rosso, do jornal de extrema-esquerda Il Manifesto.

Eles criaram, ainda, o primeiro guia dos vinhos italianos logo seguido do "Guide delle osterie" (Guia das tratorias) da Itália, um best seller anual.

Uma nova virada aconteceu nos anos 2000, com a "eco-gastronomia", quando Petrini percebeu, após uma série de viagens, o risco de desaparecimento de culturas ancestrais.

O slogan "Slow Food" virou sinônimo de produto "bom (para o paladar), limpo (em seu meio de produção) e justo (com relação ao preço pago ao produtor)".

De uma associação de gourmets atentos à qualidade, o movimento se transformou em uma entidade híbrida que aconselha dezenas de milhares de pequenos agricultores do mundo inteiro reunidos sob a organização denominada "Terra Madre".

A "Slow Food" adquiriu tanta influência que conseguiu proteger os saberes, os plantios, as criações de animais tradicionais até os rincões da África ou da América Latina onde quer que sua logomarca - um caracol - se encontre. A organização também é uma arma contra o monopólio de terras e o esbanjamento de alimentos.

Depois da Itália, o filme sobre a "Slow Food" entrará em cartaz em países de fala alemã e escandinava e provavelmente na França e antes de ir para outros países.


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