Folha de S. Paulo


Safra recorde de grãos melhora estoques do país

Mauro Zafalon - 21.jul.16/Follhapress
SERTANEJA, PR, 21.07.2016: AGRICULTURA-MILHO - Milho na carroceria de caminhão em lavoura de milho no norte do Paraná. (Foto: Mauro Zafalon/Follhapress)
Milho no norte do Paraná

O clima melhorou, e a safra de grãos vai ser ainda maior. O crescimento ocorre devido à recuperação de produtividade, principalmente nos itens de maior peso nas lavouras brasileiras: soja, milho e arroz.

Juntos esses três produtos vão atingir 200 milhões de toneladas neste ano, 96% de toda a safra de verão, estimada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em 207,2 milhões de toneladas.

Somado o volume de 8,1 milhões de toneladas previsto para a safra de inverno, a produção total brasileira deverá atingir 215,3 milhões de toneladas.

Se confirmado, será o maior volume colhido pelo país até então. A Conab inclui a safrinha de milho nos dados de verão e, por ora, repete a produção do ano passado para a safra de inverno, em que o trigo tem a maior importância: 6,7 milhões de toneladas.

A soja, líder nacional em produção, deve superar os 3.000 quilos por hectare. Com área de 33,8 milhões de hectares, a produção nacional da oleaginosa poderá atingir o recorde de 103,8 milhões de toneladas.

Esse volume já era previsto por várias consultorias privadas. Os dados de segunda-feira (9) da AgRural, por exemplo, já indicavam volume próximo desse.

Nos cálculos da AgRural, a produção nacional de soja ganha espaço devido à recuperação de duas sacas por hectare nos três Estados da região Sul. Essa alta compensou quedas na em Minas Gerais, Bahia e Goiás.

ESTOQUES

A produção total de milho do país deverá subir para 84,5 milhões de toneladas, 27% mais do que a do ano passado. Essa produção deverá garantir um estoque de passagem do final desta safra para a próxima de 12,9 milhões de toneladas.

O volume é um alívio para a indústria de carnes, que passou por um período complicado no abastecimento durante o segundo semestre do ano passado.

Nas contas da Conab, o país consome 56,1 milhões de toneladas de milho na safra 2016/17 e exporta outras 24 milhões.

O estoque de arroz sobe para 502 mil toneladas em final de safra, com evolução de 38% em relação ao do ano anterior. Já o de feijão vai a 212 mil toneladas, o maior volume em três anos.

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Sem fusões

Bruce Rastetter, um dos conselheiros para a política agrícola do governo de Donald Trump, entende que as grandes fusões de empresas agrícolas, como as de Monsanto e Bayer ou China National Chemical Corp. e Syngenta, são prejudiciais aos produtores.

Mais custos

Presidente da Summit Agricultural Group, empresa que tem também um braço no Brasil, Rastetter tem dito à imprensa que esses tipos de acordos limitam a concorrência, elevam os custos para os agricultores e inibem investimentos de empresas menores no setor.

Indicado

Rastetter entrou em dezembro na lista dos cotados para o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). A lista é grande e novos nomes foram incorporados a ela, mas esse é um posto ainda não definido pelo presidente eleitos dos Estados Unidos, Donald Trump.

Se preparando

Os canadenses acreditam que eventuais mudanças no Nafta, ou até mesmo o fim desse acordo entre México, Estados Undos e Canadá, como aventado por Donald Trump, vão provocar uma elevação das taxas comerciais entre os dois países, inclusive no agronegócio.

Menor competitividade
Grandes associações do setor de agronegócio dos EUA começam a se preocupar com essas mudanças comerciais. Afinal, as amarras que o futuro governo dos EUA ameaça colocar nas negociações externas podem provocar uma redução de competitividade dos produtos dos EUA. Esses mercados, muitos com alto poder aquisitivo, podem representar oportunidades para o Brasil.

Carnes
As exportações de carnes somaram US$ 14,2 bilhões no ano passado, 3,5% menos do que em 2015. A liderança ficou com o frango, cujas vendas renderam US$ 6,8 bilhões no período.

Bovinos
As exportações do setor renderam US$ 5,3 bilhões, com recuo de 8% ante 2015. Enquanto as carnes "in natura" tiveram reduções de 7% no período, as industrializadas caíram 9%.

Peru
Dois destaques positivos foram as vendas externas de carnes suínas e de peru. No primeiro caso, o aumento foi de 16%, enquanto as exportações de carne de peru subiram 14% em relação ao ano anterior, segundo dados do Ministério da Agricultura.


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