Folha de S. Paulo


Produtor de MT quer 4 bi de litros de etanol de milho

Mauro Zafalon/Folhapress
Colheita de milho em Brasnorte (MT); produtor quer elevar produção de etanol de milho

Produtores de Mato Grosso desenvolvem, com o governo do Estado, um programa de transformação do excesso de milho da região em etanol.

O programa só avança com apoio do governo, principalmente com um escalonamento das taxas de impostos.

Esse incentivo poderia elevar a produção de etanol de milho em usinas flex para 1,3 bilhão de litros, superando a de álcool provindo da cana, hoje em 1,1 bilhão de litros.

Mato Grosso já produz etanol derivado de milho,mas a produção é pequena e limitada a poucas usinas.

Glauber Silveira, diretor da Aprosoja, acredita que, se parte do milho produzido for convertida em etanol, ganhariam produtores e Estado.

Na safra 2014/15, a produção foi de 20,3 milhões de toneladas. Desse volume, 3,6 milhões foram consumidos no Estado, com as exportações atingindo 13,9 milhões.

Estudo do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Aplicada) indica que o faturamento bruto de 10 milhões de toneladas de milho exportadas é de R$ 2,7 bilhões, e o Estado não tem arrecadação devido à isenção de ICMS das exportações de commodities.

Mas, com a transformação de 10 milhões de toneladas do cereal em etanol, esse valor -incluindo subprodutos e cogeração de energia- subiria para R$ 12,5 bilhões, com ganhos para produtores, Estado e demais setores interligados ao agronegócio.

A cogeração de energia traria arrecadação estimada em R$ 698 milhões ao Estado e seria responsável por 8 milhões de MWh (megawatt-hora) por ano de eletricidade,

Silveira diz que esses 10 milhões de toneladas de milho colocariam 4 bilhões de litros de etanol no mercado e 2,3 milhões de toneladas de DDGS, subproduto que serve para a complementação alimentar de animais.

O estudo indica que a disponibilidade dessa matéria-prima (DDGS) possa ser destinada para a pecuária de Mato Grosso, Centro-Oeste e exportações geraria receita anual de R$ 1,2 bilhão.

A industrialização de milho nesse patamar elevaria a área de plantio de eucalipto do Estado para 951 mil hectares. A industrialização do cereal necessita do eucalipto.

Pelo preço atual, usinas e armazéns que usam o eucalipto para a secagem de grãos gerariam R$ 3 bilhões por ano para os produtores de lenha. A área atual de plantio no Estado é de 187 mil hectares.

O aumento da produção de etanol de milho pleiteado pelos produtores já foi entregue ao governo do Estado, mas só é viável com uma isenção fiscal escalonada para o setor.

A produção de uma usina dedicada apenas à produção de etanol de milho fica inviável com ICMS de 25%. Para cada R$ 1 investido, há um prejuízo de R$ 0,72.

Um programa de incentivo do governo, com uma taxa de 3%, tornaria viável o investimento e geraria receitas de US$ 180 milhões para o Estado. O investidor teria retorno de R$ 5,2 por R$ 1 investido.

Com o amadurecimento dos projetos, o governo estadual colocaria taxas crescentes de impostos.

Em um patamar de 7%, por exemplo, a arrecadação estadual seria de R$ 420 milhões, e o produtor ainda teria um retorno de R$ 3,98 por cada R$ 1 investido.

Mato Grosso utiliza atualmente 220 mil toneladas de milho para a produção de etanol, que atinge 88 mil litros.

Glauber diz que o etanol de milho viria cobrir as necessidades de consumo no Estado e permitiria a colocação desse produto em outras regiões, diminuindo a necessidade de importação de gasolina.

Uma tonelada de milho gera de 345 a 395 litros de etanol e desse processo de industrialização a usina extrai de 220 a 240 quilos de DDGS.

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Máximas Apesar de o etanol hidratado ter ficado em uma média de R$ 2,087 por litro nesta semana nos postos de São Paulo, os consumidores paulistanos já pagam até R$ 2,30 pelo litro do produto. É o que indica pesquisa semanal da Folha feita em 50 estabelecimentos da capital paulista.

Mínimas Alguns postos de abastecimento de São Paulo, no entanto, não reajustaram os preços do etanol. A pesquisa da Folha ainda registra o preço do hidratado em R$ 1,79, bem abaixo da média dos demais postos.

Gasolina Alguns postos aceleram os aumentos e já praticam até R$ 3,54 por litro na capital paulista. Outros, no entanto, não reajustaram preços, que são de R$ 2,89 por litro, conforme a pesquisa semanal da Folha.

Café A crise política e econômica brasileira provocou mais uma semana de volatilidade nos preços do café em Nova Iorque. Além disso, os problemas climáticos em várias regiões do Brasil aumentaram os fatores de preocupação do mercado.

Físico A avaliação é de analistas do Escritório Carvalhaes, de Santos (SP). Mas, segundo eles, houve falta de lotes de café arábica de melhor qualidade no mercado físico, o que continua preocupando os compradores.

Soja O mercado fechou com recuo de preços de 1,7% nesta semana, caindo para US$ 8,74 por bushel (27,2 quilos) no primeiro contrato. Já o milho se manteve estável na semana, terminando o período em US$ 3,89 por bushel em Chicago. O trigo teve alta de 1,1%.

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Etanol hidratado sobe 12% nas usinas e 5% nos postos

O aumento de gasolina desta semana provocou uma forte reação também nos preços do etanol. Nos postos da cidade de São Paulo, o consumidor está pagando 4,77% mais pelo produto, que foi a R$ 2,087 por litro.

Já o litro da gasolina foi para R$ 3,232, com alta de 3,13%, conforme pesquisa da Folha. O aumento promovido pela Petrobras na última quarta-feira (30) foi de 6%.

Com esses novos aumentos dos combustíveis, a paridade do etanol em relação à gasolina subiu para 64,6%.

Nesse patamar, o álcool ainda é favorável em relação à gasolina nos postos da capital paulista. Pesquisas indicam que o valor do derivado de cana é vantajoso ao do derivado de petróleo em até 70%, dependendo do tipo de veículo.

As usinas também aproveitaram o reajuste de preços da gasolina para aumentar os do etanol. O hidratado subiu para um valor médio de R$ 1,46 nesta semana, 12,3% mais do que na anterior.

Já o anidro, ao ser comercializado a R$ 1,5765 por litro, teve valorização de 10,2%. Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).


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