Folha de S. Paulo


Apesar da crise, produtor tem de manter uso da tecnologia

O país vive um período econômico difícil e isso acaba afetando também a agricultura. Mas, apesar da crise, não é momento de o produtor abdicar de tecnologias no processo de produção.

A avaliação é de produtores, empresas e analistas que participam do 19º Congresso Brasileiro de Sementes, em Foz do Iguaçu (PR).

Entre as tecnologias que vão permitir uma maior produtividade está a semente. "Ela é fundamental para um empreendimento, seja de agricultura, seja de floresta, seja de pastagem, seja de hortaliça", diz José de Barros França Neto, presidente da Abrates (Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes), entidade que promove o encontro.

Já José Roberto Bouças Faria, da Embrapa, diz que a semente é a base para o sucesso do desenvolvimento do agronegócio. O grande salto do setor no Brasil se deve, em boa parte, à evolução tecnológica nesse campo.

Alexandre Lima Nepomuceno, da Embrapa Soja, diz que o país não pode perder o bonde nessa tecnologia que revolucionou a agricultura no Brasil. Os investimentos devem continuar, principalmente com uma participação maior do setor privado.

Ruy Baron - 12.set.2013/Valor/Folhapress
Plantio de soja em propriedade em Primavera do Leste (MT)

O Brasil destina 1,2% do PIB para pesquisas, abaixo dos 2,5% (de um PIB maior) no Japão e nos EUA.

Além disso, a participação privada nos investimentos é de 70%, ante 50% no Brasil.

Para França, essas pesquisas levam a um produto de qualidade, e que responde com produtividade. Dos 32 milhões de hectares de soja plantadas no Brasil, 45% são de sementes informais. Esse produto tem origem tanto na produção própria dos produtores como na pirataria.

Dados do Ministério da Agricultura apontam, no entanto, que 90% dessa semente informal não tem qualidade suficiente. "Custa metade do preço, mas não garante produtividade", diz ele.

Para Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, o Brasil deve aproveitar as tecnologias à disposição porque o mundo está de olho no país.

Apesar do momento difícil, é preciso olhar para a frente, diz Rodrigues. Dos 20% do crescimento necessário na produção de alimentos até o ano 2020, 40% sairão do Brasil, segundo a OCDE.

O mundo precisa de proteína e de energia. Esse é um sinal para o país, diz Rodrigues. O avanço, porém, só virá com tecnologia, acredita ele.

Rodrigues destaca que a semente foi uma das revoluções tecnológicas das últimas décadas. Em 25 anos, a área de plantio aumentou 50%; e a produção, 234%.

Ele diz que há uma quebra de paradigma entre os produtores, que acreditam, cada vez mais, que sem tecnologia não há produtividade. E sem produtividade não há como competir no mercado, diz ele.

José Américo Pierre Rodrigues, presidente da Abrasem (Associação Brasileira de Sementes e Mudas), diz que os custos da semente em relação ao total gasto pelo produtor compensam porque esse produto é o principal veículo de tecnologia na lavoura.

O gasto com semente de soja é de 12% a 15% do total, enquanto o com milho fica entre 18% e 20%, segundo ele.

O setor movimenta US$ 4 bilhões por ano e é o terceiro maior no mundo, atrás de EUA e China.

O jornalista viajou a convite da Abrates

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Hortaliças O setor de sementes movimenta R$ 640 milhões por ano no Brasil, um valor ainda pequeno em relação aos US$ 7 bilhões registrados no mundo.

Cresce É um setor, no entanto, que tem atraído a atenção de empresas, inclusive externas. O Brasil, diferentemente dos mais desenvolvidos, ainda é um país com boa expansão.

Área A avaliação é de Steven Udsen, presidente da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas.

Custos Udsen diz que os custos da semente, em relação aos gastos totais dos produtores -cerca de 5%-, compensam a produtividade.

Área No ano passado, os produtores utilizaram uma área de 761 mil hectares com o plantio de hortaliças e plantas ornamentais.


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