Folha de S. Paulo


Os brilhantes jogadores da seleção evoluíram porque atuam nas melhores equipes do mundo

Diferentemente da época de Dunga, os jogadores brasileiros que atuam na Europa têm, na seleção, com Tite, ideias e estratégias parecidas com as que estão acostumados. Na seleção e em seus clubes, mantêm suas características individuais e têm funções coletivas quase idênticas.

Nas grandes equipes europeias, há um número maior de excepcionais meias, organizadores e que atuam de uma área à outra, enquanto na América do Sul, especialmente no Brasil e na Argentina, existem mais meias e atacantes habilidosos, dribladores, excelentes nos confrontos individuais, próximos da área.

Não significa que a maioria dos meio-campistas europeus e dos meias e atacantes brasileiros sejam excepcionais. Os poucos especiais estão nas seleções. Nos times brasileiros, proliferam meias e atacantes com essas características, mas com pouca técnica e lucidez. De vez em quando, têm brilharecos e são endeusados.

O predomínio de jogadores com características diferentes tem a ver com a divisão que houve no meio-campo, no futebol brasileiro, tempos atrás, entre os volantes que marcam e os meias ofensivos que entram na área.

Uns não se misturam com os outros. Desapareceram os grandes meio-campistas. Com isso, a transição da bola da defesa para o ataque passou a ser feita por meio de chutões e de avanços dos laterais. Já na Europa, os laterais avançavam menos, e os jogadores de meio-campo foram formados para marcar, apoiar, trocar mais passes e ter o domínio do jogo.

Isso tem mudado. Os europeus estão mais preocupados em formar meias e atacantes habilidosos, dribladores, próximos da área rival. Já há vários excelentes, como Hazard, da Bélgica, Sané, da Alemanha, Isco, da Espanha, Sterling, da Inglaterra, Mbappé, da França, e outros. No Brasil, aumentou o número de ótimos meio-campistas, embora ainda falte um craque neste setor, no nível dos melhores do mundo.

O futebol está globalizado, mas há ainda diferenças marcantes entre os continentes e em cada país de um mesmo continente. As características individuais precisam ser conservadas. Por outro lado, clichês deveriam ser esquecidos, como o de que o Brasil precisa voltar a jogar como nos anos 1960, que os times brasileiros estão ruins porque copiam os europeus e que os jovens brasileiros vão para a Europa e perdem a ginga e a habilidade.

Os brilhantes jogadores da seleção evoluíram porque atuam nas principais equipes europeias, ao lado de craques.

As coisas mudaram nos últimos dois anos. A geração atual, que era criticada, corretamente, é agora elogiada, merecidamente. A carência de um ótimo centroavante foi preenchida por Gabriel Jesus. Jogadores evoluíram em seus clubes e na seleção, além de outros, que já tinham prestígio mundial e continuam em forma.

O ideal é unir o talento individual com o coletivo, o drible com o passe, a improvisação com a técnica e a lucidez. Grandes times e seleções, como a brasileira, já fazem isso.

INCERTEZAS

Pela lógica e pelo momento atual do Palmeiras, em ascensão, e do Corinthians, em queda e em pânico, há mais chances de o Palmeiras vencer, mesmo no estádio do Corinthians. Porém, pelas incertezas do futebol e pelas imprevisíveis reações humanas, não será surpresa se o Corinthians vencer e reencontrar seguidas vitórias.


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